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Da prateleira à reciclagem: A complexidade das embalagens de alimentos

Será que as embalagens que você separa para a reciclagem estão realmente aptas para serem recuperadas e reutilizadas? Estimar com precisão a quantidade de embalagens de alimentos que realmente são recicladas dependem da região e cooperativa de catadores, mas estudos recentes mostram que de 17% a 30% do material são classificados como rejeitos.

Por isso, é importante compreender o que difere resíduo de rejeito na hora de separar os materiais. São classificados como resíduos os produtos que após o uso principal ainda podem ser reaproveitados ou reciclados e rejeitos são aqueles que não possuem viabilidade técnica ou econômica para o reaproveitamento ou reciclagem, sendo destinados ao descarte final, como aterros sanitários ou incineração.O desafio na reciclagem de embalagens de alimentos reside na complexa composição desses resíduos, muitas vezes formados por várias camadas de diferentes plásticos. Essa diversidade dificulta o processo de reciclagem e torna a incineração e o descarte em aterros as opções viáveis.

“Ao mesmo tempo, plásticos multicamadas garante vantagens importantes no uso, como melhor proteção e conservação de produtos como medicamentos e alimentos, além de permitir propriedades mecânicas otimizadas e funcionalidades especiais, como alta resistência, flexibilidade e durabilidade.” - explica a química e sócio-fundadora da IQX, Silmara Neves.Segundo o Anuário da Reciclagem 2023, publicado pelo Instituto Pragm e a pesquisa Rejeitos de Plásticos: Estudo sobre Impactos e Responsabilidades, conduzido pelo Instituto Pólis em 2021, uma parcela significativa dos resíduos separados pelos consumidores, principalmente plásticos, é classificada como rejeitos ao chegarem às esteiras de triagem, sendo encaminhadas para aterros sanitários.Nas duas cooperativas que participaram da pesquisa, na maioria das embalagens encontradas, 75,5%, são de produtos alimentícios; 10,2% de alimentação animal; 10,1% higiene e cosmético; e 4% de papelaria. Já a maior parte dos rejeitos é composta por plásticos (33,07%, incluindo isopor), especialmente embalagens de uso único.

Ainda segundo o estudo, a maioria das embalagens plásticas foram projetadas para serem descartadas após um único uso, contribuindo com a poluição ambiental e dificultando a prática da economia circular. Em uma escala global, 14% das embalagens plásticas são atualmente recicladas – embora isso geralmente signifique “subciclagem” (downcycling) para gerar um produto de qualidade inferior. Outros 40% são descartados em aterros e 14% são queimados em incineradores. Os 32% restantes encontram seu caminho no meio ambiente, incluindo lixões, rios e mares, ou no ar que respiramos. 

Transformando plásticos complexos em material reciclável - Com o objetivo de possibilitar a reciclagem dessa parcela de embalagens, a IQX, empresa de base tecnológica, criou os aditivos químicos IQX FLEX e UNI, que compatibilizam os diferentes polímeros presentes nas embalagens multimateriais. Esses aditivos geram resinas recicladas com propriedades que permitem seu retorno ao mesmo processo produtivo, substituindo parcial ou totalmente a matéria-prima virgem.

“A cada 30 kg do aditivo IQX FLEX é possível recuperar 1000 kg de resíduos de embalagens plásticas. Em 2023, essa solução evitou que 300 toneladas de embalagens plásticas fossem destinadas para aterros sanitários e incineração. Além de facilitar o processamento, o IQX FLEX garante que as propriedades mecânicas das embalagens sejam preservadas, transformando resíduos anteriormente problemáticos em recursos valiosos. ” - esclarece a química e sócia-fundadora, Carla Fonseca.

Os desafios globais atuais no campo das tecnologias de reciclagem incluem a impossibilidade de processar plásticos misturados devido à sua composição química, a necessidade de segregar os materiais e estabelecer diferentes linhas de reciclagem, o alto consumo de energia e o custo elevado. Portanto, para ser de fato reciclável, o material precisa ter algum valor econômico real, ou seja, ter um comprador, o que depende de as empresas o incorporarem em suas linhas de produção e desenvolverem tecnologia para seu processamento.“O que observamos, porém, é que nem as empresas que se utilizam desses materiais em suas embalagens se propõem a comprá-los de volta e reincorporá-los em suas cadeias produtivas. Ou seja, a logística reversa determinada Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei no 12.305/2010) ainda é ignorada. Aliás, nem mesmo a norma técnica ABNT NBR 13230 é cumprida, pois cerca de 50% das embalagens avaliadas não apresentaram o símbolo de identificação da resina.” - observa Silmara Neves.

Para o avanço da economia circular é preciso que haja colaboração e incentivo do setor público e privado. A indústria de embalagens precisa assumir o compromisso de promover soluções inovadoras com adoção de práticas sustentáveis, ao mesmo tempo é urgente o investimento em pesquisa e desenvolvimento para criação de materiais recicláveis que atendam às demandas dos consumidores ao mesmo tempo que promovam a economia circular. 


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