Descendente de japoneses, empresário é exemplo dos perigos da depressão
O esforço se justifica ao olharmos para os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): estima-se que, por ano, mais de 700 mil pessoas tirem a própria vida em todo o mundo, cuja principal causa é a depressão, um distúrbio mental. Segundo a organização, o número pode chegar a 1 milhão, se considerados os casos não registrados.
Uma das principais causas do suicídio é a depressão. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde.
Com registro de aproximadamente 14 mil registros de suicídio por ano, o Brasil é segundo país com maior prevalência de depressão nas Américas (OMS).
Um empresário japonês à beira do suicídio
Em 2020, em Londrina, no começo da pandemia e auge da crise do restaurante japonês Matsuri, um dos fundadores da empresa, Cláudio Koyama, esteve à beira de cometer suicídio. Com um quadro grave de depressão, o empresário descendente de japoneses enfrentava, ao mesmo tempo, a maior crise sanitária do último século e uma imensa dificuldade nos negócios.
Segundo o filho, Raphael, Cláudio esteve próximo de tirar a própria vida. “Por mais que a gente esteja aqui no Brasil, a questão dos samurais influencia a nossa cultura. O japonês, assim como os samurais, quando falha numa missão, se mata”, explica Raphael. “Naquele momento, a gente pegou o celular dele. No histórico de pesquisa do navegador, meu pai estava pesquisando remédios para tomar e se matar.”
Com a ajuda da família, sobretudo de Raphael, que tomou as rédeas do negócio desde então, Cláudio conseguiu se recuperar e hoje celebra o crescimento da empresa, que virou a maior rede de restaurantes japoneses do Paraná.
Japão tem altos índices de suicídio
Seu Cláudio é de origem japonesa. Na cultura do Japão, o suicídio é algo milenar. No ano passado, no Japão, mais de 25 mil pessoas cometeram suicídio – média de 70 por dia. A maioria dos suicidas são homens. O índice japonês de 18,5 suicídios para cada 100 mil habitantes é, por exemplo, três vezes o registrado no Reino Unido (6,2) e 50% acima da taxa dos Estados Unidos (12,1), da Áustria (11,5) e da França (12,3).
“Assumir responsabilidade” por algo
Muitas pessoas costumam citar uma antiga tradição de "suicídio em nome da honra" para a alta taxa do país asiático. Elas citam, por exemplo, a prática samurai de cometer "seppuku" (o mesmo que “haraquiri”) e dos jovens pilotos "kamikazes" de 1945 para explicar por que razões culturais tornam os japoneses mais propensos a tirar suas próprias vidas.
O Seppuku era uma forma de suicídio tradicional do Japão feudal e, ao longo da história, foi utilizado pela classe guerreira japonesa (samurai) como uma forma de morrer de maneira honrosa. “O Japão não tem história de Cristianismo. Então, o suicídio não é um pecado. Na verdade, alguns encaram como uma forma de assumir responsabilidade por alguma coisa", diz o psicólogo Wataru Nishida, da Universidade Temple, em Tóquio.
Floresta dos suicidas
A província de Yamanashi é a campeã entre os lugares onde ocorrem suicídios no Japão. Em 2008, a média foi de 40,8 a cada 100 mil pessoas. A explicação é a existência da floresta Aokigahara, também conhecida como "floresta dos suicidas", considerada o segundo lugar mais famoso do mundo para se matar – atrás somente da Ponte Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Pessoas de várias partes do Japão adentram todos os meses a densa floresta e se matam por lá. Desde 1950, o local registra todos os anos ao menos 30 suicídios.
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