Diálogo de gigantes na data do 30º aniversário de morte de Burle Marx
A confluência da harmonia estética de dois dos mais celebrados nomes da arte brasileira do século XX promove o encontro das poéticas do paisagista e do escultor. Trata-se do projeto AMILCAR DE CASTRO NO JARDIM BURLE MARX, uma iniciativa do Instituto de Pesquisa e Promoção à Arte e Cultura (IPAC) em parceria com o Banco de Brasília (BRB), que cedeu o espaço para a instalação das esculturas.
A interação das obras de Amilcar de Castro com a paisagem, a arquitetura e o urbanismo de Brasília, nos jardins do criador do paisagismo moderno – num espaço público –, representa um marco na capital do País. As esculturas do grande mestre podem ser vistas em praças e parques mundo afora, mas sempre solitárias, ou em diálogo com outros autores. O conjunto no centro de Brasília será uma experiência inédita que o público poderá apreciar durante 24 meses.
Amilcar de Castro – que dizia “faço esculturas para participar do espaço público” – e Burle Marx se cruzaram em diversos projetos e compartilharam uma profunda afinidade estética, especialmente na busca de novas formas de expressão, para além da representação figurativa. A natureza, para ambos, era fonte constante de inspiração, assim como o fato de conceberem suas obras pensando no espaço em que elas se inseririam, criando relações dinâmicas entre escultura, arquitetura e paisagem.
Roberto Burle Marx, considerado por muitos o criador do paisagismo moderno, foi parceiro de Lucio Costa e de Oscar Niemeyer desde a primeira metade do século 20. Até 2022, no Plano Piloto de Brasília, existiam nove jardins públicos criados por ele (todos tombados como patrimônio histórico e artístico do DF); em setembro do ano passado foi inaugurado o décimo – o Jardim de Burle Marx. Esboçado pelo paisagista em 1975, o projeto foi realizado pelo escritório Burle Marx, junto com Haruyoshi Ono, paisagista, arquiteto e discípulo de Burle Marx, e sua filha Isabela Ono. Agora, o jardim recebe, também, a arte de Amílcar de Castro.
As esculturas de Amilcar são obras pertencentes a um pensamento que se constitui em um dos mais conhecidos movimentos artísticos brasileiros no mundo: o neoconcretismo – assim como a arquitetura modernista da cidade nova. E esse encontro entre Brasília e as obras de arte construtivas brasileiras originou muitos debates, além de diversos artigos e ensaios.
A proposta curatorial do projeto, assinada por Marilia Panitz, traz como ideia central oferecer ao público um espaço de contemplação e debate sobre a obra de Amílcar de Castro em diálogo com a perspectiva urbana da capital. – Brasília é contemporânea das pesquisas neoconcretas; é contemporânea do nascimento das obras do mestre do corte e da dobra. Mas as grandes esculturas em aço de Amílcar, curiosamente, não pousaram na capital – destaca a curadora.
AMILCAR DE CASTRO NO JARDIM BURLE MARX é o segundo projeto do IPAC com as obras do escultor: em 2022, por ocasião do centenário de Amilcar, inaugurou “Jardim de Amilcar de Castro: neoconcreto sob o céu de Brasília”. Daiana Castilho Dias, presidente da instituição, ressalta que exibir obras de arte em espaços públicos é fundamental não apenas pela estética que acrescenta ao ambiente, mas também pelo papel vital que desempenha na promoção da cultura e da apreciação artística na sociedade.
– Ao colocar obras de arte em locais acessíveis a todos, estamos democratizando o acesso à arte, possibilitando que pessoas de diferentes origens e contextos tenham contato com a expressão criativa humana. Além disso, o encontro de Amilcar de Castro e Burle Marx vai transformar o Eixo Monumental em lugar mais vibrante, inspirador e inclusivo, estimulando o diálogo, a reflexão e a interação social entre os cidadãos em Brasília – conclui Daiana.
SERVIÇO
AMILCAR DE CASTRO NO JARDIM BURLE MARX
Eixo Monumental – Brasília
A partir de 4 de junho
Na abertura, dia 4 de junho, 3 shows gratuitos:
17h30 - Goodtime e Carol Dias
18h30 - Toque de Salto
19h30 - Teresa Lopes
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