Dramaturgia premiada, Eros Impuro ganha leitura dramática na Livraria Platõ
- Rodrigo Carvalho
- 30 de jun.
- 2 min de leitura

Escrita, em 2011, pelo dramaturgo e roteirista Sérgio Maggio, a montagem Eros Impuros, da Criaturas Alaranjadas, resultou em um dos mais bem-sucedidos espetáculos do teatro brasiliense. Até 2019, a peça tinha circulado por 17 capitais das cinco regiões brasileiras, em mais de 150 sessões e 25 mil espectadores, com patrocínios da Petrobras BR, Funarte, Ministério da Cultura e Fundo de Apoio à Cultura (FAC) . Na temporada de São Paulo, ganhou os prêmios de melhor dramaturgia de 2011 pelo portal R7 e o Myriam Muniz 2012. Visitou ainda importantes festivais como o Janeiro de Grandes Espetáculos, em Recife; e o Festival de Vitória (ES). A obra foi selecionada para representar o Brasil na Copa do Mundo de 2014, na cidade-sede Natal. Nesta quinta-feira (03.07), às 19h, Eros Impuro volta a se encontrar com o público brasiliense. Desta vez, para fechar o Ciclo de Leituras Dramáticas, do projeto Aquarius, o Arco-íris do concreto, com entrada franca, na Livraria Platõ (405 Sul).
“Esse texto tem uma importância crucial na minha trajetória no teatro, porque sinaliza a primeira montagem da Criaturas Alaranjadas em parceria com o ator Jones Schneider, que comandou essa jornada fantástica de correr o país com uma peça que discute o abuso sexual contra crianças e adolescentes”, aponta Sérgio Maggio, que iniciou o processo de adaptação da peça para um curta-metragem. “Vai ser emocionante me reencontrar com essa dramaturgia que eu presenciei mudar a vida de muitos espectadores e espectadoras. As pessoas saiam do teatro emocionadas e algumas ganharam coragem de falar pela primeira vez sobre os abusos sofridos na infância no processo de enfrentamento e cura”, lembra-se Jones Schneider.
Na Platô, Jones Schneider vai ler o texto ao lado de Luís Plasmo, ator transformista que dá vida à personagem LuShonda. Antes de Eros Impuro, foram apresentadas as dramaturgias Mimosa, de Alexandre Ribondi; e Manifesto Trav(eco) Ciborgue, de Maria Leo Araruna. “Sou atriz de formação, atuei com Antunes Filho em São Paulo e agora sou uma das sócias de uma livraria de arte. É um sonho abrir esse palco voltado para a quadra da 405 Sul e receber essas dramaturgias que refletem questões contemporâneas do universo LGBTQIAPN+”, aponta Marília Santos.
Eros Impuro conta a história de Andrei, um artista plástico obcecado em pintar um quadro do homem que o abusou na infância. O texto permeia consciência, memória e delírio. Andrei acredita que encontrará sua redenção quando reproduzir na tela a mesma energia sentida no momento do ato de violência. Mas, como os modelos vivos usados por ele são garotos de programa, sua obra é vista como pornográfica, suja. O pintor é julgado e marginalizado pela sociedade conservadora, e vê-se impedido de expor em galerias e acuado em seu processo obsessivo de criação.
Eros Impuro busca inspiração, também, nos limites da arte erótica e no caos da criação artística, que envolve sanidade e loucura. Para criar o personagem Andrei, o ator e artista plástico Jones Schneider visitou um hospital psiquiátrico em Brasília, onde conversou com pacientes vítimas de abuso sexual e construiu, a partir desta experiência, muitas das características de seu personagem.
Serviço:
Ciclo de Leituras Dramáticas
Dramaturgia: Eros Impuro, de Sérgio Maggio.
Com: Jones Schneider e Luís Plasmo.
Data: 03/07, às 19h.
Local: Livraria Platô (405 Sul).
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