Jornalista lança livro para ajudar pessoas cristãs homossexuais: “Não vim para converter”
Nesta quinta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a jornalista brasiliense Raquel Costa lançará o livro Saindo do Armário e Ficando na Igreja: Uma história de fé. Sem Religião (110p.). Será às 19 horas, na Livraria Travessa, no Shopping Casa Park, em Brasília. Na obra, a autora, uma mulher cristã homossexual, narra a sua própria história com fortes relatos de dor, medo, preconceito e vergonha, mas também de força, com o objetivo de ajudar outras pessoas que enfrentam ou enfrentaram processo de autoaceitação por serem cristãs e homossexuais.
Já no início do livro, que está à venda na Livraria Travessa e em sites na internet, a autora deixa um recado importante: “Não vim aqui para converter ninguém. Nem para defender uma ou outra religião”. Ela é cristã de origem Batista desde a infância. Nasceu em lar evangélico – com família praticante e atuante –, dedicou boa parte da sua vida a atividades eclesiásticas e assumiu muito protagonismo ao cantar na igreja. E exatamente por isso que ela viveu da glória ao calvário.
“Ser homossexual em um espaço conservador, como uma igreja evangélica, em meio a tantas pessoas cheias de culpas e defesas, foi surreal”, conta a autora, que diz ter buscado namorados para não ser questionada. “Se eu estava namorando, não era gay e, se não era gay, paravam as provocações e o medo de ser quem eu era. Mesmo que isso causasse dor e frustração”, acrescenta ela.
Mais do que um relato pessoal, Raquel Costa expõe no livro alertas importantes, com base em pesquisas que mostram, por exemplo, o Brasil como o país que mais mata homossexuais, além de pessoas LGBTQIA+ terem mais riscos de cometer suicídio, o que é agravado principalmente em ambientes hostis à orientação sexual ou identidade de gênero. Jovens desse público também têm taxas significativamente mais elevadas de depressão.
Ao mostrar dados, a autora revela uma situação do que pode se tornar uma guerra interna, dentro do armário, expressão que é usada para definir quem não se assume publicamente. Segundo ela, o armário pode se tornar um abrigo ou um castigo. “Abrigo porque é nele que a gente se esconde enquanto tenta ser a pessoa que a nossa família, os amigos e a sociedade em que vivemos esperam. E castigo porque é um espaço onde só cabe a gente e todas as loucuras que vêm com vários sentimentos, junto do peso e da culpa de termos uma religião”, afirma.
Em seu livro, a autora também apresenta relatos de amigos homossexuais evangélicos que vivenciaram processos parecidos com o dela, além de entrevistas com a psicóloga Marina Costa e os pastores Bob Luiz Botelho e Henrique Vieira. “A minha história não é única, muito menos meu sofrimento. E tanto minha história quanto o meu sofrimento se assemelham a milhares de outras histórias, felizes ou não”, afirma.
Raquel Costa, que começou a escrever o seu livro aos 44 anos, encontrou na fé o seu principal combustível para produzir a obra, em um mundo que ainda insiste em usar a religião para cercear a liberdade de milhares de pessoas, ignorando o principal ensinamento de Jesus: o amor ao próximo. Sem demonização e desumanização de homossexuais.
SOBRE A AUTORA
Nascida e criada em Brasília (DF), Raquel Costa é formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Brasília, com especialização em Gestão de Marketing pela Universidade Central Queensland (CQU), em Brisbane, na Austrália. No início de sua carreira, realizou cobertura política para veículos brasilienses e, desde 2009, atua especificamente com comunicação e mídias sociais.
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