Nídia Aranha exibe "ORDENHA002" na exposição coletiva RAW nas Galerias HOA e Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo
A artista Nídia Aranha exibe seu trabalho ORDENHA002 na exposição coletiva RAW!, que ocupa simultaneamente os espaços das Galerias HOA e Fortes D’Aloia & Gabriel, na região da Barra Funda, na cidade de São Paulo. Neste trabalho, Nídia dá mais um passo no seu processo de especulação e materialização de novas mitologias travestis através de processos experimentais de modificação do seu corpo e dos consequentes registros das ações.
Ao longo do processo minuciosamente documentado, que se iniciou com o trabalho ORDENHA001, Nídia se submeteu a uma dieta hormonal experimental, associada a uma prática de cuidados e exercícios voltados a promover a lactação em um corpo t. Em ORDENHA002, a artista abre um paralelo entre os resultados dessas ações e o destino das vacas leiteiras, acorrentadas a uma cadeia extrativista de ordenha mecânica industrial, abrindo questionamentos e traçando mapas a respeito de uma redistribuição de violência e sobre o papel que ocupa a mulher trans nas cadeias que a perpassam.
“Meu corpo é meu principal objeto de investigação e experimento de trabalho audiovisual, como plataforma insurrecta à lógica de estratificação fetichista de sua performatividade. Os registros desses procedimentos, a fotografia, videografia e manipulação de imagem, até os dispositivos laboratoriais e instrumentais que faço uso são os certificados da materialidade da minha pesquisa. Percebe-se, nesse escopo, ações que podem substancializar a produção de um corpo a partir de uma experiência subjetiva, em um jogo de formas, dimensões e condutas”, explica Nídia. “Uso a tecnologia para expandir meu corpo, importando-se não somente com o resultado final, mas com a reflexão decorrente de cada uma das performances. Para além do caminho social linear da boa recepção de gênero, a produção de um organismo T, ao qual componentes exógenos são adicionados, não teria como propósito ao meu ver adaptar-se ao ambiente, mas sim interceptá-lo, nos mostrando as possibilidades de transcender as barreiras”.
Durante o trabalho, Nídia construiu uma Estação de Ordenha ergonomicamente adaptada para abarcar corpos Transhumanos e não-humanos, desenhando relações entre esses corpos, suas dores, limitações e produções. Dentre as peças-evidência atualmente exibidas na Galeria Hoa estão um vídeo que registra a inserção do corpo da artista no maquinário de ordenha e seus processos, um díptico de fotos comparando a ocupação do espaço pelo corpo de Nídia e da fêmea bovina, e uma cápsula de vidro e metal hermeticamente lacrada contendo uma pequena quantidade de leite produzida pelo corpo da artista durante o processo. A Cápsula foi exibida no MASP, na Galeria Olhão, e no Parque Lage, no Rio de Janeiro. O trabalho ORDENHA002 já foi anteriormente exibido na Bienal do Mercosul 2022, em Porto Alegre, e na Galeria Illian Reibe, em Paris, em 2021.
Peças:
Video
ORDENHA 002
02’ 56''
2021
Díptico de fotos
Impressão de pigmento mineral sobre papel sintético, vidro, alumínio e acrílico
107 x 205 x 1,5 cm
2021
Cápsula
Metal, vidro, leite de travesti e peróxido de hidrogênio
20 x 4 cm 2021
Essa exposição permanece aberta até o dia 3 de agosto de 2024 e se propõe a desenhar um novo paralelo de poéticas e olhares intergeracionais. Nas palavras de Luiza Brasil, uma das curadoras da coleção: “[…] Esta mostra visionária se propõe a ser um campo de experimentação onde diferentes gerações de artistas convergem em um diálogo intergeracional e interdisciplinar, responsável por tecer uma nova costura sobre a construção da arte contemporânea e a importância da inovação em nosso senso de futuro enquanto o agora. Permeada por uma energia vibrante e pulsante, RAW! revela-se um complexo e ambicioso ecossistema vivo de expressões artísticas, onde a fusão de abordagens, linguagens e mídias resulta no alinhamento entre despretensão e o rigor convivendo no mesmo território”.
SERVIÇO
Data: até 3 de agosto
Endereço:
Fortes D’Aloia & Gabriel – Rua James Holland, 71, Barra Funda
Terça a sexta, das 10h às 19h; Sábado, das 10h às 18h
HOA – Rua Brigadeiro Galvão, 480, Barra Funda
Terça a sábado, das 10h às 19h
SOBRE NÍDIA ARANHA
Nídia Aranha nasceu em Itaguaí, Rio de Janeiro, estudou Design de Produto & Comunicação Visual (UFRJ) e formou-se como artista visual na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage (2013-2015). Atua como diretora e pesquisadora no segmento de antropologia visual. Sua prática incorpora narrativas visuais ficcionais + documentais que tangenciam desobediência de gênero, práticas de biohacking, design crítico e especulativo sobre variados suportes: dispositivos protéticos; esculturas e objetos em ourivesaria e tendo a performatividade e seus registros (fotografia e videografia) como afirmação de metodologias científicas experimentais.
Sua obra tem sido exibida em diversos festivais e mostras nacionais e internacionais. Em 2021, o curta-metragem “Ordenha” foi apresentado no 3º Festival Urban Imaginaries, na III Opyum Video Performance, em Paris, França, no MASSIMO, em Milão, Itália, e no BPA, em Colônia, Alemanha. “Ordenha 002” participou da 13ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre e da exposição “Tu m’ouvres tes bras et on fait un pays: Brésil; corps et démocratie” na Galerie Ilian Rebei, em Paris, França.
Enquanto isso, “Ordenha 002” participou da 13ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre e da exposição “Tu m’ouvres tes bras et on fait un pays: Brésil; corps et démocratie” na Galerie Ilian Rebei em Paris, França.
Indicada ao Prêmio PIPA em 2021, Nídia participou de exposições no MASP (Museu de Arte de São Paulo), CCSP (Centro Cultural São Paulo), Olhão (Barra Funda, São Paulo) e EAV Parque Lage.
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