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Nota de pesar: Carlinhos Brown para Sérgio Mendes


Minha curiosidade e busca em aprender com músicos de qualidade me levaram a conhecer Sérgio Mendes através de seus álbuns. Eu já o admirava muito, junto a outros ídolos dele que eram meus também, como Johnny Alf e outros tantos grandes nomes. Afinal, é o brasileiro que tocou com Frank Sinatra, que gravou com Sarah Vaughan, Stevie Wonder e que sempre teve um pensamento jovem sobre a música. Ele lidava com a música como um adolescente, sempre em busca de descobertas.

 

A vida me trouxe Sérgio. Sua chegada começou através de um telefonema. Ele pediu para ‘Meia-Noite’ (amigo músico) nos apresentar, e quando liguei para ele, foi muito solícito. Eu cantei a música “Magalenha” e comentei sobre “Mas que Nada”, de Ben Jor, e em uma semana tive o prazer de conhecê-lo. Ele veio ao nosso bairro, o Candeal, em Salvador, Bahia, e nós gravamos o primeiro álbum, “Brasileiro”, que tem a canção “Magalenha”, que levou o Grammy de Música Brasileira, ao lado de Ivan Lins, Guinga e Hermeto. “Magalenha” virou um clássico da música de Sérgio, assim como “Mas que nada”. Mas todas essas músicas ele traduzia de um jeito particular, sempre colocando a marca Sergio Mendes. Ele foi o primeiro grande misturador da música mundial com a música do Brasil. Juntou os melhores e, é claro, sempre com a liderança de Gracinha Leporace. Ali Sérgio transformou os ouvidos do mundo para entender melhor a música brasileira.

 

Tenho lembranças de que, quando eu ia fazer as gravações, Sérgio estava sempre ouvindo rádio de música jovem. “O que eu já vivi é bom e eu guardo bastante, mas eu me interesso pelo que está sendo feito de novo, isso me alimenta e faz com que eu melhore tudo em mim”, dizia. Ele tinha essa alma boa. Me convidava para muitas coisas, grandes projetos internacionais. Nós também fomos ao tapete do Oscar juntos, pois tínhamos feito a trilha do filme de animação “Rio”.

 

Ele vai deixar bastante saudade, mas deixa um legado brilhante. Sergio foi muito importante para o desenvolvimento das ações sociais no Candeal, sempre muito presente. Saía pelo nordeste promovendo a cultura brasileira.

 

Um grande músico, um grande cara. Sua partida se dá em uma sexta-feira, dia de Oxalá, a quem sua crença se fortalecia. Que ele mesmo seja uma luz junto a Deus. Que todos os espíritos de luz conduzam esse homem tão especial, tão inspirado. Oxalá Beô, Sergio Mendes, Emoriô, até um dia.


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