Peça "Lua, Tu És Meu Sol" tem histórias de LGBTs, ditadura e amor
Concebido originalmente para ser dirigido e encenado por Alexandre Ribondi com Tullio Guimarães - consagrado teatrólogo da cidade para quem o autor entregou o texto em mãos - o espetáculo ganhou resignificação a partir da morte de Ribondi, em junho de 2023. A direção passou a ser assinada pela também aclamada diretora Ana Flávia Garcia e, em cena, entrou a jovem e talentosa atriz travesti Maria Léo.
O encontro entre Monetta e Tullio se deu em 2009, quando o brasileiro levou para o Chile a peça “O Mundo”, de Marcella Hollanda (DF) para uma apresentação no Encuentro de Teatro Popular Latinoamericano (Entepola). O chileno, encantado com a performance do ator de Brasília, lhe entregou, em mãos (e em papel) o texto de “Luna, tu eres mi Sol”. "És para ti, hágalo" (é pra você, faça-o), me disse Monetta”, lembra Tullio. “Foi leitura e ‘apaixonamento’ imediato pela história de duas velhas travestis da periferia de Santiago”.
A montagem passou por adaptações a partir do debate sobre “trans fake” - o ato de pessoas cisgênero interpretarem vidas trans, quando existem artistas trans ávidas por estarem no mercado de trabalho. “O ativismo do movimento trans e travesti reivindica o protagonismo de travestis e pessoas trans na defesa de personagens que tratem de suas narrativas. Propus, então, fazer as atualizações necessárias na dramaturgia: agora ‘Lua tu és meu Sol’ é contada por um homem cis gay e uma travesti, assim no palco, como na vida”, conta a diretora. “A essência do texto foi mantida na íntegra e ainda conseguimos atingir outra camada desse universo. A cada movimento mudanças importantes e maravilhosas aconteceram”, revela.
É assim, cheio de emoções e construções no processo de ensaios, elaborações mútuas e até textuais, que Luna chega ao Brasil. “Tive uma ideia que deu um novo e profundo tom à essa narrativa: ‘e se Lola fosse filha de Alano?’. Bingo! Uma chave crucial e poética que expandiu e multiplicou as perspectivas da narrativa: a relação entre um pai gay e uma filha trans, ficou ainda melhor do que esperávamos”, conclui Tullio.
“É um espetáculo que nos permite refletir sobre as complexas relações humanas em sua diversidade, com humor, poesia, delicadeza e beleza”, reflete a atriz Maria Léo. “A relação com o pai, namorado de um desaparecido político e que há trinta anos tenta enterrar seu corpo, é um dos nós dramáticos da peça. E há muito mais por trás dessa história tragicômica”, completa.
Para compreender essa história por completo, só mesmo assistindo ao espetáculo, que é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
FICHA TÉCNICA
Direção: Ana Flávia Garcia
Dramaturgia: Yovanne Monetta com adaptação de Ana Flávia Garcia
Elenco: Maria Léo Araruna (Lola) e Tullio Guimarães (Alano)
Encenação: Ana Flávia Garcia e Nine Ribeiro
Cenografia: Nine Ribeiro
Som e luz: Josias Silva
Figurino: Ana Flávia Garcia
Elaboração, Produção Executiva e Coordenação Geral: Mari Baeta / Maribá Produções
Coordenação de Produção: Rui Miranda / Casa dos Quatro
Fotografia: Irina Buss
Arte e design: Franq
Coordenação de Acessibilidade: Luérgio de Sousa
Intérprete de Libras: Flávia Novaes
Tradução do texto: Patrícia Onofre
Imprensa e Redes Sociais: Ana Elisa Santana
Fomento: Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal - Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (FAC-DF)
SERVIÇO
LUA, TU ÉS MEU SOL
Local: Teatro Ribondi - Casa dos Quatro
Endereço: SCLRN 708 Bloco F Loja 01 - Asa Norte
Datas: 30 de agosto a 15 de setembro, sextas e sábados às 20h e domingos às 19h
Ingressos: gratuitos, validados mediante entrega de alimentos ou produtos de limpeza*. Antecipados no Sympla - https://www.sympla.com.br/evento/lua-tu-es-meu-sol/2603095
*Alimentos: Café, Biscoito cream cracker ou água e sal, óleo de soja, Maizena ou amido de milho, aveia, vinagre, margarina, manteiga.
*Produtos de limpeza: Sabão em pó, sacos de lixo (reforçado), desinfetante, luvas de limpeza (tam. M ou G).
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