Projeto “Águas de Oxalá” promove Exaltação de tradição cultural centenária de matriz africana
O Projeto Águas de Oxalá acaba de realizar o primeiro Ritual de Lavagem, no Complexo Cultural de Samambaia, marcando a conclusão do primeiro ciclo de oficinas. Com a participação dos alunos e presença da comunidade e de convidados, Mãe Francys Baiana do Acarajé ou Doné Francys de Oyá, à frente do projeto, conduz o Ritual: um cortejo de fé, união e devoção a santos católicos e a orixás do candomblé. O início se dá com o encontro de integrantes da lavagem vestidos de branco e capoeiristas, simbolizando o encontro das águas. Em seguida, os integrantes “lavam” o local com água de cheiro, ao som de toques de atabaque e cânticos afro-religiosos, numa celebração ecumêmica. Ao final, todos confraternizam com música e um delicioso festival de acarajé nesta tradição vem sendo difundida por Mãe Francys há cerca de três anos no Distrito Federal, principalmente em Samambaia. Esta semana o projeto segue para a GRES Águia Imperial, na Ceilândia. Águas de Oxalá também acontecerá no Instituto AMPB Rancho, no Sol Nascente e na Kwe Oya Sogy- Associação Papo de Mãe, em Samambaia.
Ao longo da semana, os alunos participaram de encontros onde foram desenvolvidos os seguintes temas: significado e história das Lavagens Ritualísticas de matriz africana, cantos do Ritual das Lavagens e realização de práticas vocais, Atividades práticas de técnicas de percussão, culinária utilizada nos Rituais e Lavagens e seus significados e confecção das vestimentas e das indumentárias utilizadas nas Lavagens. Até o início de agosto serão realizados outros três ciclos de oficinas.
Sincretismo religioso e tradição cultural centenária estão nas raízes do projeto Águas de Oxalá. Além de celebrar essa rica manifestação cultural e religiosa nascida na Bahia, Águas de Oxalá cumpre o importante papel de dar visibilidade à cerimônia, ajudando a preservar valores formadores da identidade nacional. Ao mesmo tempo, produz informação clara para auxiliar outros segmentos da sociedade a superarem posturas racistas e preconceituosas, na medida em que compartilha a mensagem ampla de paz e congraçamento representada pelas lavagens. O projeto Águas de Oxalá é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e conta com o apoio da Gerência do Complexo Cultural de Samambaia.
Origem
As cerimônias de lavagem surgiram como rituais de purificação e renovação do universo das religiões afrodescendentes. Os povos escravizados, forçados a abandonar suas crenças, religiões e culturas na África, foram impedidos de praticar livremente sua fé no Brasil. Como resultado, houve o surgimento de um sincretismo religioso, que incluiu a devoção à Nossa Senhora Aparecida e outros santos. A sua origem se dá, precisamente, na escadaria da Igreja Nosso Senhor do Bonfim, patrimônio imaterial do Brasil.
Ritual importante para a população e os herdeiros culturais da África, a Lavagem representa a limpeza de todos os males, incluindo pensamentos negativos, intolerância e racismo religioso. Ela é feita com água e ervas preparadas pelos sacerdotes dessas religiões, onde a água, o elemento sagrado, é usada para purificar o corpo e a alma.
Sobre Mãe Francys Baiana do Acarajé ou Doné Francys de Oyá
A liderança que conduz este projeto é uma autoridade reconhecida em todo Distrito Federal como representante de expressões afro descendentes e possui uma longa trajetória de organização e realização de ações culturais dessa natureza. Mãe Francys está à frente da Associação Papo de Mãe - Kwe Oyá Sogy atua na religiosidade há 16 anos. O Candomblé é uma religião afro-brasileira com várias tradições e nações diferentes, como Ketu, Angola, Jeje, entre outras. Cada uma delas pode ter práticas específicas relacionadas à lavagem religiosa e outros rituais. A lavagem religiosa é fundamental no Candomblé para manter a pureza espiritual, honrar os orixás e fortalecer a conexão entre os praticantes e o divino.
Glossário:
Orixá: divindades de povos africanos incorporadas por muitas religiões brasileiras de matriz africana. São associados a forças da natureza, ancestrais divinizados ou energias divinas.
Oxum: a orixá das águas, principalmente, as águas calmas e, devido a isso, essa divindade está muito ligada às emoções. Sua cor é o amarelo e ouro que demonstra toda a riqueza e abundância que Oxum traz consigo. Conhecida também pelas variações Osum, Oshun e Ochun, a deusa representa a feminilidade e a sensibilidade
Oxalá: Originário da mitologia iorubá, Oxalá é cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano, não por ser hierarquicamente superior, e sim por ser o mais velho, representando a ancestralidade. É associado à criação do mundo e da espécie humana.
Iemanjá: É considerada a mãe de todos os adultos e a mãe dos orixás e a rainha das águas.
Cronograma das oficinas
Águas de Oxalá
Oficina 1 (restrita a 20 pessoas) REALIZADA
Local: Complexo Cultural de Samambaia
Data: De 08 a 12/07
Horário: das 14 às 18:00
Ritual de Lavagem: 13/07, às 17h
Local: Complexo Cultural de Samambaia
Oficina 2 (restrita a 20 pessoas):
Data: De 15 a 19/07
Horário: das 14 às 18:00
Ritual de Lavagem: 20/07 às 17h
Local: GRES Águia Imperial
Oficina 3 (restrita a 20 pessoas):
Data: De 22 a 26/07
Horário: das 14 às 18:00
Ritual de Lavagem: 27/07, às 17h
Local: Instituto AMPB Rancho Sol Nascente
Oficina 4 (restrita a 20 pessoas):
Data: De 22 a 26/07
Horário: das 14 às 18:00
Ritual de Lavagem: 17h
Ritual de Lavagem: 17h
Local: Kwe Oya Sogy- Associação Papo de Mãe
Serviço:
Inscrições no local das oficinas ou através de link disponibilizado nas redes sociais do projeto
Mais informações: aguasdeoxaladffac@gmail.com
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