Residência Terapêutica ganha espaço no RJ após fechamento de último manicômio do estado
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro encerrou definitivamente o último manicômio em atividade no Estado. Uma série de análises técnicas constataram, ao longo de anos, que a instituição não respeitava os direitos das pessoas internadas, além de não oferecer os serviços de saúde mental necessários.
Nesse cenário, o modelo de Residência Terapêutica - lar para pacientes com doenças mentais crônicas - ganha ainda mais visibilidade como uma excelente alternativa para quem sofre de transtornos mentais. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1 bilhão de pessoas convivem com algum transtorno do gênero no mundo, variando de intensidade e gravidade. “Existem pessoas que precisam de cuidados regulares e permanentes, mas nunca dentro de um hospital, local em que o cuidado não pode ser prolongado, permanente. A Residência Terapêutica é uma instituição que tenta individualizar o tratamento e suprir a necessidade de famílias que, muitas vezes, não têm tempo nem condição de cuidar desses pacientes”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica.
Nesses lares, o paciente vive com muita qualidade, sendo acompanhado por médicos e enfermeiros, liberdade para sair caso o quadro da doença permita, além de comodidades do dia a dia. No entanto, as residências terapêuticas ainda geram muitas dúvidas, e é até desconhecida por muitos e sofre certo tipo de preconceito.
Em busca de desmitificar o modelo, o Dr Lipman listou alguns mitos e verdades:
Residência Terapêutica x Hospital Psiquiátrico
É importante esclarecer que Residência Terapêutica não é a mesma coisa que uma instituição psiquiátrica tradicional. “Hospitais psiquiátricos são locais em que as pessoas que sofrem com transtornos mentais ficam internadas depois de um episódio de crise, podendo ser internação voluntária ou não”, explica o Dr. Lipman. “Já nos casos das residências, é uma opção de moradia para as pessoas que, depois dessas internações, não dão conta da própria vida e seus familiares não podem prestar o auxílio adequado devido ao trabalho, por exemplo”, resume.
Vale frisar também que, na Residência Terapêutica, o paciente não está internado, lá é o local em que ela mora e pode sair para passear, trabalhar, ir ao cinema, exercitar-se - geralmente acompanhada por um profissional de saúde-, ou seja, levar uma vida o mais próxima possível do normal. “Essa pode ser uma grande dúvida, mas como estão sendo tratados e com a doença controlada, os pacientes podem trabalhar, sair, ir ao mercado, praticar esportes, por exemplo”, acrescenta.
Essas moradias são uma forma de ressocializar os pacientes psiquiátricos, oriundos de internações de longa permanência, ou seja, o conceito de Residência Terapêutica é ressocializar pacientes psiquiátricos que permaneceram por muito tempo em hospitais psiquiátricos e agora precisam voltar à realidade.
“A residência terapêutica configura-se como uma moradia assistida, definida assim pelo Ministério da Saúde, com oferta de cuidados diários em saúde mental nas questões de ressocialização relacionadas ao morar”, comenta o especialista.
RT é cuidado, não abandono
O pensamento de que moradores de Residências Terapêuticas tenham sido abandonados por familiares e amigos pode ser comum em um primeiro momento, mas não é verdadeiro, muito pelo contrário. “Procurar um lar para uma pessoa com um transtorno mental grave é uma forma de cuidar e garantir a segurança desse paciente, já que nas residências eles recebem a atenção e o tratamento especializado 24 horas por dia, algo que os familiares não conseguem oferecer”, explica o psiquiatra.
Assim como alguns procuram asilos para idosos, por falta de tempo de dedicação integral ou falta de estrutura para os cuidados necessários, os familiares podem encontrar nas moradias a segurança de saber que seus parentes estão sendo assistidos por profissionais.
Transtornos mentais graves
Existem diversos tipos de transtornos mentais: depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, demência e dependência química, entre muitos outros. Alguns deles são mais graves do que os outros e podem aparecer em níveis diferentes em cada indivíduo.
"Alguns transtornos são controlados apenas com terapia, outros com medicações. Muitas doenças, quando tratadas de maneira correta, não tiram a autonomia de uma pessoa de morar sozinha, o que significa que não existe a necessidade de procurar uma RT. Por isso, cada caso é avaliado individualmente”, finaliza o médico.
Sobre a Sig - Fundada em 2011, no Rio de Janeiro, a Sig Residência Terapêutica, surgiu com o propósito de trazer um novo olhar em transtornos de saúde mental, com um tratamento humanizado, inclusivo e visando a ressocialização do paciente. Conta com 3 unidades, sendo duas na cidade do Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Atualmente é gerida pelos sócios Dr. Ariel Lipman, Dra. Flávia Schueler, Dra. Anna Simões, Elmar Martins e Roberto Szterenzejer.
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