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Brasil fecha Mundial de Kung Fu Wushu com uma prata e dois bronzes

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Com oito inscritos na categoria Sanda (lutas) do Campeonato Mundial de Kung Fu Wushu, o Brasil chegou com três ao pódio. Na competição realizada pela primeira vez no país, a equipe nacional conquistou uma prata e dois bronzes no dojô montado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF). 


Com o resultado, o país soma agora 29 medalhas em mundiais (três ouros, nove pratas e 17 bronzes). O torneio também tem competições na categoria taolu (séries de movimentos coreografados), com outros oito representantes brasileiros, mas sem chance de pódio. As disputas finais seguem até este domingo, 7 de setembro.


O principal destaque nacional foi a paulista de Porto Ferreira Beatriz Silva, na categoria até 56kg. O vice-campeonato se soma à trajetória de uma das mais premiadas atletas nacionais da modalidade. Beatriz ostenta no currículo dez títulos brasileiros, é campeã pan-americana e já tinha sido prata no Mundial disputado na China, em 2023. 


Para chegar à decisão na capital federal, ela passou pela pela marroquina Siham Brigui nas oitavas, superou a francesa Melissa Bouamrane nas quartas e venceu na semifinal a filipina Krisna Malecdan. “Foi a primeira vez que passei por três lutas antes da final em um evento só. Bater o peso, ganhar a luta, no outro dia bater o peso, ganhar a luta. Foi bem difícil. Mas o objetivo era a final. A chave foi boa, mas não é só sorte de chave. Tem que ter competência para acontecer”, resumiu Bia, que tem 25 anos, 12 deles ligados ao wushu.


Para a final, a estratégia montada esbarrou na qualidade técnica da vietnamita Nguyen Thi Thu Thuy, que venceu por 2 x 0 a melhor de três rounds. “A atleta do Vietnã foi melhor. Ela é experiente, já tinha sido campeã Mundial antes, já esteve na minha categoria outras vezes. Eu acabei ficando a uma luta de lutar com ela em 2019. Sempre soube que essa luta ia acontecer um dia. Aconteceu aqui hoje e ela me superou tecnicamente”, ponderou. 


A derrota não tira, segundo ela, um milímetro do brilho da campanha e da oportunidade de disputar o mundial em casa. “A cada luta eu olhava para a arquibancada, via rostos conhecidos, o pessoal torcendo. Foi uma experiência muito diferente. Ver isso aqui acontecendo no nosso país já é incrível. Participar, mais incrível ainda. Fazer a final e levar uma medalha pra casa? Tô realmente muito feliz com isso”.


VETERANO NO AUGE - Pentacampeão pan-americano e sul-americano, faltava ao experiente paulista de Bauru João Antônio de Oliveira um pódio em mundial. Potencialmente em sua última participação, o atleta de 37 anos realizou o sonho em Brasília. Numa campanha sólida, venceu três adversários com autoridade para só parar na semifinal, diante do iraniano Mohsen Mohammadseifi, cinco vezes campeão mundial e apontado por muitos como o principal nome da modalidade em todos os tempos. 


“Eu estou feliz demais. É difícil explicar a emoção que eu estou de conseguir subir num pódio”, afirmou o brasileiro, que tem 28 anos de dedicação ao kung fu, e começou a praticar o esporte a partir de um projeto social em sua cidade.  No caminho até o pódio, João superou o sueco Mikael Faldt, o turco Muhammet Can Haygul e o polonês Adrian Czachor, as três lutas por 2 x 0, com direito a nocaute contra o polonês. Na semifinal, o iraniano venceu por superioridade técnica nos dois rounds disputados. 


“O corpo envelhece, mas falo que meu espírito é jovem. Vim com o objetivo de subir ao pódio, de estar entre os melhores. É a coroação de uma trajetória. Só de ser uma pedrinha no caminho do iraniano que é meu ídolo, já foi sensacional”, celebrou o atleta, que viveu há dois anos o drama da quase amputação do pé. 


“Fiquei internado 13 dias. Tive uma luxação no dedo na semifinal do nacional, peguei uma bactéria, fiquei internado com risco de amputar, mas tinha um único foco: voltar. No ano seguinte, fui campeão pan-americano, campeão nacional. Este ano venci um campeonato aberto, que era para pegar ritmo, e cheguei aqui”, comemorou. 


DO BULLYING AO BRONZE - Nathalia Briquesi encontrou no wushu bem mais do que um esporte. Para ela, foi uma janela para se livrar do bullying e do sentimento de depressão que a acompanhavam em um trecho da adolescência.  “É algo que me emociona pensar: passar por um período difícil, onde entrou em depressão e queria fazer coisas muito ruins para sua vida, e ver que o esporte me salvou. Literalmente”, emocionou-se. 


Agora com oito anos de prática na modalidade, a atleta de 24 anos estreou em mundiais na edição de Brasília e já volta para casa, em Lençóis Paulista (SP), com a medalha de bronze na categoria até 60kg. Ela estreou já nas quartas de final numa batalha difícil contra a venezuelana Yosmairy Lara, vencida por 2 x 1. Na semifinal, foi superada pela indiana Kareena Kaushik, por 2 x 0. “É minha primeira vez num mundial e em casa. É algo inesquecível, inexplicável. Eu só sei que quero viver isso por muito tempo. Ter a torcida do lado, o treinador do lado, os amigos é uma experiência inesquecível. E a gente vê também a grandeza do campeonato com todos esses países”, celebrou. 


BALANÇO - Com histórico de representante do Brasil como atleta em mundiais, o atual técnico da equipe nacional de Sanda, Antonio Silva, tem muitos motivos para celebrar. Os três pódios nacionais representam a melhor campanha do país nos últimos dez anos. E os pódios se somam, segundo ele, a ótimos desempenhos de outros atletas, muitos deles com participação abreviada só por pegarem precocemente alguns dos melhores do mundo. 


“O time do Brasil estava focado, preparado. Ter dois atletas passando três etapas numa competição como essa é muito, muito difícil. Alguns outros passaram a primeira etapa e já pegaram países que são os melhores do nosso esporte, como China e Irã. É um feito histórico, um resultado positivo coletivamente”, elogiou Antonio, que enfatizou a importância da estrutura de fisioterapia, psicólogo e auxiliares técnicos à disposição do time. 


“Acho que nesse mundial pudemos mostrar que o Wushu do Brasil é uma realidade, que nós mudamos de nível. É claro, ainda está longe de um momento ideal, de um patamar ideal, a curva entre alguns países ainda é alta, mas estamos no caminho”, celebrou o treinador, que é pai da vice-campeã mundial Bia Silva. 


REGRAS – No Sanda, as lutas são disputadas em três rounds, cada um de dois minutos. Cinco árbitros avaliam as pontuações de cada atleta, a partir de socos, chutes e projeções. Quem leva a melhor em dois rounds ou nocauteia o adversário, vence o combate. 


O MUNDIAL - Com mais de 800 atletas de 77 países, a competição é organizada pela Confederação Brasileira de Kungfu Wushu (CBKW), com apoio da Secretaria de Esporte e Lazer do Governo do Distrito Federal (SEL/GDF).


CAMPANHAS DOS BRASILEIROS NO SANDA


MASCULINO


56kg

Oitavas de final

Erick Ferreira x Tiago Martins (Portugal) - vitória portuguesa por nocaute 


60kg

Oitavas de final

Gabriel Pedroso 2 x 0 Mirolav Godza (Rep. Tcheca)


Quartas de final

Gabriel Pedroso 0 x 2 Gideon Fred Padua (Filipinas)


65kg

Oitavas de final

Lucas Queiroz 0 x 2 Chengjin Wang (China)


75kg

Chave de 32

João Antonio de Oliveira 2 x 0 Mikael Faldt (Suécia)


Oitavas de final

João Antonio de Oliveira 2 x 0 Muhammet Can Haygul (Turquia)


Quartas de final

João Antonio de Oliveira 2 x 0 Adrian Michal Czachor (Polônia)


Semifinal

João Antonio de Oliveira 0 x 2 Mohsen Mohammadseifi (Irã)


80 kg

Oitavas de final

Davi Guimarães de Oliveira 2 x 0 Temirlan Amankulova (Quirguistão)


Quartas de final

Davi Guimarães de Oliveira 0 x 2 Soheil Mousavi (Irã)


FEMININO


52kg

Oitavas de final

Edineia Prado x Nazli Karakus (Turquia) - vitória turca por nocaute 


56kg

Oitavas

Beatriz Silva 2 x 0 Siham Brigui (Marrocos) 


Quartas

Beatriz Silva 2 x 0 Melissa Bouamrane (França) 


Semifinal

Beatriz Silva 2 x 0 Krisna Malecdan (Filipinas)


Final

Beatriz Silva 0 x 2 Nguyen Thi Thu Thuy (Vietnã)


60kg

Quartas de final

Nathalia Briquesi Silva 2 x 1 Yosmairy Lara (Venezuela)


Semifinal

Nathalia Briquesi Silva 0 x 2 Kareena Kaushik (Índia)


FOTOS EM ANEXO - Beatriz Silva, vice-campeã mundial, durante a competição em Brasília


CRÉDITO DAS FOTOS

Pódio - Gustavo Cunha

Combate - Arnaldo Saldanha

Foto identificada como 05092025_beatriz_silva.jpg - Lázaro Viana


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