Casacájá inaugura canal de sessões ao vivo e amplia visibilidade para artistas da periferia do DF

A casacájá, espaço independente de arte e experimentação localizado no Balão do Torto (DF), acaba de consolidar mais um capítulo de sua trajetória com o lançamento do canal Sessões Casacájá no YouTube. A plataforma digital reúne registros ao vivo de artistas das periferias do Distrito Federal em apresentações captadas em ambiente analógico — um gesto estético e político que reforça o compromisso do espaço com processos desacelerados, comunitários e sensíveis.

Realizado com apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o projeto convidou cinco artistas de diferentes regiões administrativas para gravar singles inéditos ao longo de uma imersão artística de um dia inteiro. Na casacájá, o estúdio e o quintal coexistem como partes de um mesmo ecossistema criativo: o galpão rodeado por horta e floresta funciona como lugar de escuta, troca e cuidado.

Para Ayla Gresta, diretora artística e curadora do projeto, o canal nasce como extensão natural da filosofia da casa. “A casacájá é, antes de tudo, um espaço de relação. Quando convidamos artistas periféricos a ocupar esse território, estamos afirmando que suas vozes importam, que elas merecem tempo, atenção e delicadeza”, afirma. “Essa coleção de sessões captura algo que vai além da gravação: ela registra presença, corpo e comunidade.”

ASSISTA AQUI: https://www.youtube.com/@casacaja 

As Sessões Casacájá apresentam uma seleção de artistas que refletem a diversidade da cena contemporânea do DF: Tonhão (Gama/Santa Maria), de Música Negra Contemporânea; Isa Marques (Sobradinho), rapper, beatmaker e produtora; Madre Fera, projeto dos artistas Maria Victória Carballar e Mar Nóbrega (Guará II); Flávio Franklin (Ceilândia), cantor e musicoterapeuta; e Stevie Victor (Taguatinga), compositora e experimentadora. O canal também abriga sessões especiais com nomes já consolidados, como Iara Rennó e Luiza Brina, além da dupla Ava Rocha e Chicão.

A sonoridade das Sessões Casacájá é conduzida por Gustavo Halfeld, que enxerga no analógico uma filosofia de gravação. “Aqui a gente assume que somos parte do processo — os equipamentos, artistas e a casa como um todo carregam defeitos deliciosos que trazem uma crueza humana mais tangível”, afirma. “Passar um áudio dez vezes pelo mesmo equipamento gera dez resultados diferentes: um ruído que só existe ali, uma distorção harmônica, a temperatura que muda a reação da válvula. É tudo organismo.” Para ele, gravar com circuitos físicos é lidar com escolhas sem possibilidade de retorno, o que estimula quem performa e funciona como metáfora de vida. “Nossa prática tenta propor o que queremos pro mundo: comer bem e juntos, aceitar o que somos agora e criar com o imprevisível que nos circunda.”

O projeto reúne uma equipe majoritariamente LGBTQIAPN+ e fortalece a casacájá como um dos principais polos independentes de criação artística de Brasília - espaço que já recebeu nomes como Angélique Kidjo, Daniela Mercury, Toninho Horta, Lee Ranaldo, Ava Rocha e Glue Trip, além de sediar residências, gravações e lançamentos que alimentam uma rede vibrante de música e arte.

As Sessões Casacájá reforçam essa vocação, ampliando agora sua presença no ambiente digital e convidando o público a conhecer de perto o processo e a potência desses artistas. A sonoridade das gravações é lapidada por Gustavo Halfeld (captação, engenharia e mixagem), com Ana do Quartinho na assistência de gravação. A direção de vídeo é da Haico (Raíssa Vilela e Pedro Araujo), com câmera de Xavier Braum e foto still de Diego Bresani. A alimentação é assinada pelo Encanto da Terra, e a produção executiva, por Ayla Gresta e Pedro Araujo.

Canal: youtube.com/@casacaja

Instagram: @casa.caja