Cinema Negro no Feminino celebra lançamento de livro e exibição de curtas no Sertão Negro
- Rodrigo Carvalho

- há 59 minutos
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No próximo 22 de novembro, o Sertão Negro será palco de uma imersão no audiovisual produzido por mulheres negras, reunindo o lançamento do livro Cinema Negro no Feminino: Afeto e pertencimento além das telas (Nau Editora, 2025) e a 5ª sessão do Cineclube Maria Grampinho, com a exibição de três curtas-metragens de diferentes regiões do país. A programação destaca pluralidade, afeto, criatividade e memória como elementos centrais dos cinemas negros no feminino.
A programação tem início às 15h, com o lançamento de Cinema Negro no Feminino: Afeto e pertencimento além das telas, obra que reúne artigos, ensaios e entrevistas produzidos por pesquisadoras, cineastas e profissionais do audiovisual. A coletânea, organizada por Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, propõe uma verdadeira costura de saberes: como um bordado de barafunda, seus textos se entrelaçam para revelar caminhos, poéticas, processos criativos e epistemologias que constituem o cinema negro no feminino. A obra oferece ferramentas teóricas e metodológicas ao mesmo tempo em que afirma o cinema feito por mulheres negras como espaço de invenção, fabulação, resistência e memória.
Democratização e acessibilidade
O livro será vendido no evento com preço promocional de R$ 42,36, como parte das ações de democratização do acesso previstas no projeto apoiado pelo Edital Rouanet nas Favelas (Vale, 2024); assim como a roda de conversa após a exibição, que terá tradução em Libras.
Mais de 100 exemplares serão doados para instituições educativas e culturais, possibilitando que mais pessoas conheçam o cinema negro no feminino e, principalmente, que este livro inspire mais mulheres negras a levar para as telas suas memórias, sonhos e histórias de amor e liberdade.
Em breve, será lançada a versão em audiobook, no formato podcast. A produção conta com parceria do Núcleo Audiovisual de Produção de Foleys (NAUFO) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), responsável pela audiodescrição dos textos que compõem o livro. Essa iniciativa, coordenada pela professora Thais Oliveira e desenvolvida por uma equipe majoritariamente feminina, alia narração e criação de elementos sonoros para ampliar o acesso a essa pesquisa de forma sensível e poética.
O livro tem circulado por eventos acadêmicos e espaços dedicados ao cinema e às artes. A estreia foi no início de outubro, no XXVIII Encontro SOCINE (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual), em Belém; depois, na 23ª Goiânia Mostra Curtas, em Goiânia; e na livraria Folha Seca, no Rio de Janeiro. Na primeira semana de novembro, ocorreu o lançamento na VII Mostra Competitiva de Cinema Negro Adelia Sampaio, em Brasília.
Salve a data! No dia 29/11, será lançado na loja da Travessa, dentro da 36ª Bienal de São Paulo, e no dia 15 de dezembro encerra seu circuito de 2025 no I SIMPÓSIO TATO – Imagens, Corpos e Afecções, na Universidade Federal da Paraíba (UFBP).
5ª Sessão Cineclube Maria Grampinho
Às 17h, o evento segue com a sessão especial do Cineclube Maria Grampinho, apresentando um panorama de cinematografias negras contemporâneas a partir de três curtas-metragens dirigidos por mulheres negras do Nordeste e Sudeste. A sessão reforça a pluralidade e a inovação estética que marcam os cinemas negros no feminino.
Os filmes exibidos serão:
O Ovo, dirigido por Rayane Teles (BA), tem 23 minutos e foi lançado em 2021. O filme se passa em um Brasil distópico assolado pela infertilidade em massa e por um regime ditatorial populista. Nesse cenário, um casal — uma camareira e um padeiro — não consegue decidir o nome da filha. O impasse aparentemente simples expõe tensões sociais profundas, desigualdades estruturais e fragilidades afetivas que atravessam seus corpos e seu cotidiano.
Monalisa, dirigido por Tainá Lima (MG), tem 17 minutos e é de 2024. O curta mescla realidade, memória e fantasia enquanto acompanhamos Marcos, Maria e Monalisa enfrentando medos, afetos e desejos. Com uma atmosfera sensível e imagética, o filme explora a imaginação como forma de resistência e como ferramenta para elaborar emoções e vivências que ultrapassam o visível.
Divã de uma Habilitada, dirigido por Nádia Maria (MA), tem 15 minutos e foi lançado em 2022. A narrativa acompanha Bárbara, que após diversas reprovações no processo de habilitação, decide buscar acompanhamento psicológico. No divã, revisita episódios marcantes e passa a ressignificar suas experiências, reencontrando sua autoconfiança e revelando tanto suas vulnerabilidades quanto as potências que emergem de sua trajetória pessoal.
Após as exibições, haverá roda de conversa com as organizadoras e curadoras Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, ampliando o debate sobre estética, memória, afetos e políticas do cinema negro no feminino.
Sobre as organizadoras/curadoras
Ceiça Ferreira é professora e pesquisadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB). Co-fundadora do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. Idealizadora e diretora do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros.
Edileuza Penha de Souza é professora, Cineasta e Pesquisadora. Pós-doutora em Comunicação e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB). Entre os filmes que dirigiu estão os curtas Vão das Almas (2023); Filhas de Lavadeiras (2019), eleito o melhor filme pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021; e o longa Vozes e Vãos (2025). É idealizadora e organizadora da Mostra Competitiva de Cinema Negro – Adelia Sampaio.
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Sobre o Cineclube Maria Grampinho
Inspirado por Maria da Purificação, conhecida como Maria Grampinho, uma personagem histórica da Cidade de Goiás que, apesar da invisibilidade, carregava consigo histórias e sonhos, o Cineclube Maria Grampinho foi fundado e é dirigido pela pesquisadora Ceiça Ferreira. Dedicado à exibição e discussão de filmes dirigidos ou protagonizados por pessoas negras, o cineclube visa visibilizar e incentivar a criação de novas narrativas no audiovisual brasileiro. A curadoria é realizada por meio dos projetos “Tela Preta” e “Cartografias do Audiovisual Negro Brasileiro”, coordenados por Ceiça no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com a cineasta Edileuza Penha de Souza. Desde maio de 2022, o cineclube promove sessões mensais gratuitas aos sábados, seguidas de debates ou rodas de conversa com cineastas e estudiosos dos temas abordados. Além de ser um espaço educativo sem fins lucrativos, o Cineclube Maria Grampinho visa à democratização da cultura e oferece uma opção de lazer na região norte de Goiânia.
A Vale
A Vale acredita que a cultura transforma vidas. É a maior apoiadora privada da Cultura no Brasil, patrocinando e fomentando projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.
Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 1.000 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país com investimento de mais de R$ 1,2 bilhão em recursos próprios da Vale e via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA), que recebem mais de 400.000 visitantes por ano. Além disso, mais de 1.000 alunos são atendidos pelo Programa Vale Música. Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
SERVIÇO: Lançamento do livro + 5ª Sessão Cineclube Maria Grampinho
Data: 22 de novembro (sábado).
Local: Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes | Rua Goiazes, quadra P, lote 9, Loteamento Shangri-la, Goiânia/GO.
Horário: a partir das 15h.
Atividades:
às 15h – Lançamento do livro Cinema Negro no Feminino.
— Valor promocional: R$ 42,36.
às 17h – Exibição de O Ovo, Monalisa e Divâ de uma Habilitada.
Roda de conversa: com Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza
Tradução em Libras durante o debate.
Gratuito e aberto ao público.










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