Djavan e Milton Nascimento cantam juntos pela primeira vez em "Beleza Destruída"
top of page

Djavan e Milton Nascimento cantam juntos pela primeira vez em "Beleza Destruída"


Ao ser perguntado sobre Milton Nascimento, Djavan sai do usual cuidado com

as palavras, quando fala, e se utiliza de termos grandiosos: "Bituca é uma

coisa do outro mundo. Ele é improvável na sua originalidade", afirma.

"Talvez nem ele saiba como foi importante na minha formação, o período em

que eu estava ouvindo toda a música do mundo e ele me causou um

arrebatamento enorme."


Também "improvável em sua originalidade" de compositor e cantor, Djavan

passou a vida encontrando furtivamente o Milton por aí. Outra característica

comum dos dois, a timidez, contudo, nunca os aproximou para além da amizade

e do carinho de colegas. Nos últimos tempos, pessoas próximas de Djavan, sem

saber uma das outras começaram a questionar, "poxa, você nunca fez nada com

o Milton". Muito provavelmente pensando no que a "improvável originalidade"

de ambos não daria quando reunidas.


Quando começou a pensar no que seria o álbum "D" (Luanda Records/Sony

Music), Djavan finalmente teve a convicção de que era o momento de fazer

algo com o Milton. E compôs uma melodia para que os dois cantassem juntos.

Calcada numa sequência harmônica de uma "improvável originalidade",

descoberta em seu violão, a tal melodia é de Djavan, mas bem que poderia,

justamente pela originalidade, também ser de Milton. Para a letra, Djavan

pensou em escrever algo que também falasse pelos dois: a natureza, ou melhor

da preservação da natureza sempre ameaçada de destruição, dos indígenas e

povos da floresta.


Nasceu assim, urgente e já eterna, "Beleza destruída", uma das canções mais

importantes da obra de Djavan, com todas as características de uma grande

canção e mais o fato de unir finalmente Djavan e Milton Nascimento no

estúdio.


"Beleza destruída" é o segundo single e também o segundo clipe do álbum "D",

o 25º da carreira de Djavan. A canção e o clipe, realizado por Giovanni

Bianco, diretor artístico do projeto, saem juntos nas plataformas digitais

no dia 21 de julho.


A gravação de tão aguardado encontro teve todos os ingredientes dos grandes

momentos. Djavan compôs e arranjou a música no que imaginou ser o tom melhor

para as vozes dos dois. Ao receber a gravação, Milton achou que estava alto

para ele. Mas ao chegar no estúdio viu que não: a canção cabia-lhe

perfeitamente no tom original. Por pedido dele, gravou ao lado de Djavan,

segurando-lhe a mão.


A misteriosa melodia, sobre a harmonia inventada no violão de Djavan são

base para uma letra urgente, política e ecológica - como tantas do

repertório de Djavan e de Milton - e que denuncia a insistência na

destruição da natureza, sem meias palavras: "Mas o homem/Cego por

dinheiro/Só sabe dizer:/Dizimar, dizimar/Ver tanta

beleza/Destruída/Encolhendo/A própria vida assim/É o fim!".


O resultado, uma soma da "improvável originalidade" dos dois artistas é,

antes de tudo, muito emocionante. E importante: um canto pela preservação da

natureza exigida por dois mestres da canção brasileira - cujo encontro já é

um acontecimento em si - e que resolveram se unir, harmonizar suas vozes

antes de tudo por elas, a canção e a natureza.

bottom of page