Ensino bilíngue transforma desenvolvimento e futuro das crianças
- Rodrigo Carvalho

- 18 de jun.
- 3 min de leitura

A busca por um ensino de qualidade, com o objetivo de preparar os filhos para os desafios profissionais futuros, tem levado muitas famílias a optarem por escolas bilíngues. A demanda por essas instituições é particularmente alta no início do ano, quando pais e mães definem onde matricular seus filhos. No entanto, muitas pessoas ainda não sabem que há uma grande diferença entre escolas bilíngues e aquelas que oferecem apenas aulas de inglês como conteúdo adicional. Prestar atenção a esse detalhe é essencial para garantir um ensino de qualidade e verdadeiramente internacional, que não só ensina a língua, mas também transmite uma cultura global.
Para que uma escola de Educação Infantil e/ou Ensino Fundamental seja considerada bilíngue, é necessário que de 30% a 50% das atividades curriculares sejam ministradas em inglês, por exemplo. Dessa forma, a criança estando exposta ao ambiente bilíngue desde sua tenra idade adquire ambos os idiomas de forma natural, levando-a se comunicar de forma fluente e confiante ao se tornar adulta. A explicação é da professora Denise De Felice, diretora da ONE School, uma escola bilíngue de educação infantil e ensino fundamental da Casa Thomas Jefferson, em Brasília.
De acordo com Denise De Felice, que também é pedagoga e pesquisadora na área de neurociências da aprendizagem, crianças matriculadas em escolas bilíngues desde os primeiros anos de estudo terão um aprendizado da língua inglesa significativamente diferenciado, devido aos fatores neurológicos. “O desenvolvimento neurológico do ser humano nos mostra que quanto mais cedo ele entrar em contato com o contexto bilíngue, melhor, pois o cérebro está mais preparado para assimilar informações”, afirma a professora.
Dessa maneira, o aluno tem ganhos significativos no desenvolvimento cognitivo, melhorando várias habilidades, como:
· Habilidades cognitivas: aprender uma nova língua aprimora habilidades como resolução de problemas, tomada de decisões e pensamento crítico, tornando o cérebro mais flexível e eficiente.
· Aumento da capacidade de multitarefa: bilíngues têm maior habilidade para alternar entre tarefas e gerenciar múltiplas atividades simultaneamente, devido ao treinamento constante entre dois idiomas.
· Melhora da memória e atenção: estudar um segundo idioma estimula áreas do cérebro relacionadas à memória e concentração, melhorando a capacidade de retenção e foco.
· Atraso no declínio cognitivo: bilíngues tendem a apresentar um atraso no surgimento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, devido à estimulação constante do cérebro.
· Melhora da função executiva: o aprendizado de uma segunda língua aprimora funções como planejamento, organização, tomada de decisões e flexibilidade mental.
· Estimulação da plasticidade cerebral: o estudo de outro idioma promove a criação de novas conexões neurais, aumentando a plasticidade cerebral e a capacidade de adaptação a novos desafios.
Esses benefícios demonstram como uma educação bilíngue pode ser fundamental não apenas para o aprendizado de um novo idioma, mas também para o desenvolvimento do indivíduo preparado para lidar com um mundo que está cada vez mais globalizado.
Critérios
A definição de critérios para uma escola ser considerada bilíngue está em uma resolução de 2020 do Conselho Nacional de Educação. Segundo Denise De Felice, o Conselho estabeleceu que é preciso que o currículo seja desenvolvido nos dois idiomas. “A escola bilíngue é uma escola que é brasileira e segue as normas da legislação brasileira. É uma escola que tem currículo e diretrizes com base no que está estipulado na Base Nacional Comum Curricular. É uma escola que tem a segunda língua como parte do currículo, numa imersão maior”, explica a professora.










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