Festival Slow Filme 2022: Cinema e gastronomia
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Festival Slow Filme 2022: Cinema e gastronomia


Comer é um ato político. Saber de onde vêm e como são produzidos os alimentos em nossa mesa, respeitar a sazonalidade e ter consciência de como nossos hábitos afetam o meio ambiente são alguns dos passos que podemos dar em nome da sustentabilidade do planeta. A proposta de SLOW FILME – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E ALIMENTAÇÃO caminha nesta direção. O festival chega à 11ª edição, entre 24 e 28 de agosto, no Cine Brasília e no Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul, exibindo filmes que propõem grandes reflexões. A programação abre com a exibição de “Os Caçadores de Trufas“, produção premiada em diversos festivais, que chega à telona pela primeira vez no Brasil e que acompanha um grupo de idosos em busca da desejada trufa branca de Alba, no Piemonte italiano. SLOW FILME tem curadoria do professor de cinema e crítico Sérgio Moriconi e a entrada é franca. O Festival conta com o patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal. Durante cinco dias, serão exibidos 22 títulos produzidos em 13 países: Brasil, França, Espanha, Austrália, Itália, Estados Unidos, Grécia, Peru, Índia, Portugal, Turquia, Finlândia e Taiwan. São filmes como o inédito brasileiro “Antes do prato”, idealizado e realizado do Greenpeace Brasil, com direção de Carol Quintanilha, produção da Theodora Filme e apoio do Instituto Ibirapitanga. O filme vai do sul ao norte do país registrando experiências de sucesso das comunidades no combate à fome, em comunhão com a natureza. “Antes do prato” faz sua estreia nacional no festival e a exibição será seguida de debate, com as participações da professora de nutrição da UnB, Elisabetta Recine, da porta-voz do Greenpeace para Agricultura e Alimentação, Marina Lacôrte e de Rogério Dias, presidente do Instituto Brasil Orgânico. Outro destaque é “A receita do equilíbrio”, filme espanhol de 2020, que acompanha a rotina do chef Ricard Camarena, detentor de duas estrelas Michelin e recentemente vencedor do Prêmio Nacional de Gastronomia. A produção registra a reabertura do restaurante, depois da pandemia, e a aposta do chef numa culinária baseada na produção vegetal local. A programação apresenta ainda o documentário espanhol inédito “Constante y El Floridita de Hemingway” recupera a figura do mixologista Constante Ribalaigua, espanhol radicado em Cuba que fazia drinques no célebre bar El Floridita e que foi apelidado pelo escritor Ernest Hemingway de “O Rei dos Daiquiris”. SLOW FILME promove também o lançamento do livro “Da fome à fome”, organizado pelas pesquisadoras Ana Paula Bortoletto e Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social. A edição recupera e atualiza as análises de “Geografia da fome: o dilema brasileiro: pão ou aço”, clássico do pensamento nacional publicado há 75 anos pelo médico, geógrafo e antropólogo, Josué de Castro. As atividades formativas, que são uma marca do SLOW FILME, acontecerão no Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul e no próprio Cine Brasília. Concebidas e coordenadas pelo professor e crítico de gastronomia Guilherme Lobão, elas serão divididas em duas linhas: oficinas e ciclo de conversas. Na primeira, sob o título OFICINAS DO GOSTO, estão quatro oficinas sobre a atividade vinícola artesanal da região, o projeto de valorização dos frutos locais e a valorização das PANCs – Plantas Alimentícias Não-Convencionais. Já os DIÁLOGOS DE CINEMA, ARTE E ALIMENTAÇÃO incluem dois debates realizados após as exibições, dentro do próprio Cine Brasília, e uma conversa online sobre o encontro da arte com a alimentação. As oficinas têm número limitado de participantes e será necessário fazer inscrição. Ainda como parte da programação, a lateral sul do Cine Brasília acolherá uma feira de produtos gastronômicos, orgânicos e artesanais, sob a coordenação da Limonada Project. SLOW FILME 2022 é uma realização da Objeto Sim Projetos Culturais e conta com o patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal. Apoio do Espaço Cultural Renato Russo, das Embaixadas da Itália, Espanha, França e Portugal, do IFB - Instituto Federal de Brasília, Comunidade Slow Food Guardiões do Cerrado e Festival Festa do Cinema Italiano. O FESTIVAL A programação da 11ª edição do SLOW FILME reforça a aposta do festival na valorização da produção local, no combate ao uso indiscriminado de defensivos agrícolas, na relevância do papel das mulheres, seja liderando cozinhas de renome ou preservando o conhecimento ancestral, e na manutenção de tradições, como os antigos armazéns, as sementes originais e até mesmo os drinques clássicos. O respeito à tradição atravessa a narrativa de filmes como “Os Caçadores de Trufas“, com a colheita das trufas brancas na Itália, feita por idosos que são os únicos conhecedores dos locais onde encontrar a especiaria; “Setembro a vida inteira”, sobre a produção vinícola portuguesa; “Armazéns de Beagá”, divertido documentário sobre os últimos armazéns tradicionais da capital mineira (a sessão será dedicada a Jorge Ferreira, empresário dono de bares e restaurantes tradicionais de Brasília e grande parceiro do Slow Filme, falecido em 2013); o brasileiro “O branco da raiz”, com registro da produção de mandioca por uma família de Alagoas; e “Foça – o mercado da terra”, sobre pequenos agricultores turcos que seguem técnicas tradicionais de plantio. A ancestralidade está ainda na raiz dos questionamentos propostos por três títulos. O italiano “O Vegetariano” mostra a vida de Krishna, filho de um brâmane, que vive na Itália ordenhando vacas e um dia se vê diante do dilema de abandonar ou não suas próprias crenças quando uma vaca improdutiva precisa ser abatida. Já “Sementes enterradas” apresenta a atuação do chef indiano Vikas Kana, que migrou para Nova York como sem-teto e conquistou a celebridade, uma estrela Michelin e tornou-se embaixador de sua cultura nos Estados Unidos. E o curioso curta-metragem italiano “Omelia camponesa” mostra camponeses italianos recitando textos proféticos do cineasta Pier Paolo Pasolini, chamando atenção para a morte da cultura milenar de pequenos agricultores e sua luta por manter a produção limpa de agrotóxicos. A batalha contra a globalização também está em foco em produções como “As sementes de Vandana Shiva”, premiado documentário sobre a célebre eco ativista indiana que enfrentou os gigantes corporativos da agricultura industrial, ganhou destaque no movimento de justiça alimentar e inspirou uma cruzada internacional pela mudança - a sessão contará com a apresentação de Thaíssa Aragão, porta-voz da Comunidade Slow Food Guardiões do Cerrado. E ainda “O mestre cervejeiro”, que revela a história de ascensão, queda e recuperação de uma cervejaria tradicional da Lapônia diante da invasão da gigante global Heineken. A importância da atuação de mulheres na produção de alimentos é destaque em “Semeadoras de Vida”, com o registro do trabalho de agricultoras dos campos do planalto andino; “Neste Mundo”, sobre a criação de ovinos e caprinos na Itália, feita por pastoras; e “Em busca de mulheres chefs”, uma reflexão sobre a liderança feminina nas grandes cozinhas, cuja sessão será seguida de debate, com participação da editora do Cenas de Cinema e integrante do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, Cecília Barroso, e da chef e ativista Bela Marconi. No campo da animação, SLOW FILME apresenta os premiados “Almoço de domingo”, que ganhou o César de melhor curta de animação, e “Bom dia, Mundo”, longa francês inspirado em série premiada no Annecy Animation Festival, que será exibido na sessão infantil, da manhã de sábado. No domingo de manhã, cartaz para ”Tainá – A origem”, de Rosane Svartman. ATIVIDADES FORMATIVAS – O espaço dedicado ao aprendizado e à reflexão no festival será dividido nas vertentes Oficinas do Gosto e Diálogos de cinema, arte e alimentação. As Oficinas do Gosto vão ensinar e apresentar processos gastronômicos e sensoriais: “Slow Wine: vinhos naturais e uvas do cerrado”, sobre a crescente produção vinícola artesanal da região; “GOsTO Cerrado”, sobre o projeto que pesquisa meio ambiente, gastronomia e turismo, com foco nos frutos do cerrado e seu uso; “Percurso Quadra Comestível”, com Fabio Vieira, idealizador do Projeto Hortelã, para o reconhecimento das PANCs – Plantas Alimentícias Não-Convencionais encontradas pelo caminho; e “Uso Criativo das PANCs”, com o projeto Mato de Comer, especializado em molhos, geleias e pestos artesanais feitos com PANCs. Também serão realizados os Diálogos de cinema, arte e alimentação, com um bate-papo online e duas rodas de conversa. O professor e ativista, facilitador do Slow Food Cerrado, Jean Marconi, vai falar, em encontro no Instagram do Slow Filme, sobre como a alimentação impacta a sociedade sob o ponto de vista da cultura alimentar. E dois encontros irã aprofundar os temas apresentados na tela, após a exibição dos filmes “Antes do Prato” e “À procura de mulheres chefs”. Mediação do jornalista Guilherme Lobão. LANÇAMENTO LIVRO - Por que o Brasil voltou ao Mapa da Fome das Nações Unidas? Como uma potência agropecuária mantém parte significativa de sua população em insegurança alimentar? Em 27 ensaios assinados por pesquisadores e ativistas, “Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro” recorre ao legado do intelectual pernambucano para mostrar que, ao contrário do que prega o senso comum, essa terrível e persistente mazela não se combate apenas com produção de alimentos. Organizado pelas pesquisadoras Ana Paula Bortoletto e Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social, o livro recupera e atualiza as análises de “Geografia da fome: o dilema brasileiro: pão ou aço”, clássico do pensamento nacional publicado há 75 anos. A obra é resultado de seminário realizado em 2021 pela Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Entre os participantes do evento — e autores do livro — estão José Graziano da Silva, ex-presidente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e Carlos Monteiro, um dos maiores especialistas mundiais em nutrição e alimentação, além das pesquisadoras Tania Bacelar e Inês Rugani, dos economistas Ricardo Abramovay e Ladislau Dowbor e militantes do movimento negro, quilombola, sem-teto e da alimentação saudável. Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro” será lançado no domingo, dia 28, às 17h, no foyer do Cine Brasília, com a presença de alguns dos autores, quando poderá ser comprado. PROGRAMAÇÃO FILMES QUARTA-FEIRA, DIA 24 DE AGOSTO 19h – “Os caçadores de Trufas” (Itália/EUA/Grécia/84’), de Michael Dweck e Gregory Kershaw Sessão especial de abertura QUINTA-FEIRA, DIA 25 DE AGOSTO 16h – “Setembro a vida inteira” (Portugal/100’), de Sofia Fonseca 18h – “A receita do equilíbrio” (Espanha/70’), de Óscar Bernàcer 20h – “Semeadoras de Vida” (Peru/74’), de Álvaro e Diego Sarmiento SEXTA-FEIRA, DIA 26 DE AGOSTO 16h – “Armazéns de Beagá” (Brasil/29’), de Marcos Lôndero e Nani Rodrigues + “O branco da raiz” (Brasil, 24’), de Anderson Barbosa + “Ylan, um gostinho de casa” (Taiwan/18’), de MoMo Tseng e Hsing Ying 18h – “Sementes enterradas” (Índia/75’), de Andrei Severny 20h – “Antes do prato” (Brasil/60’) sessão seguida de debate SÁBADO, DIA 27 DE AGOSTO 10h30 – “Bom dia, Mundo!” (Animação/França/61’) 16h – “À procura de mulheres chefs” (França/90’), de Vérane Frédiani Sessão seguida de debate 18h – “O Vegetariano” (Itália/110’), de Roberto San Pietro 20h – “Almoço de domingo” (Animação/França/13’), de Céline Devaux + “Constante Y El Floridita de Hemingway” (Espanha/60’), de Ramón Vilaró DOMINGO, DIA 28 DE AGOSTO 10h30 – “Tainá – A origem” (Brasil/80’), de Rosane Svartman 16h – “Omelia camponesa” (Itália/França/10’), de JR e Alice Rohrwacher + “O mestre cervejeiro” (Finlândia/27’), de Antti Haase + “Foça – o mercado da terra” (Turquia/10’), de Ramazan Emiroğlu 18h – “Neste Mundo” (Itália/97’), de Anna Kauber 20h – “As sementes de Vandana Shiva” (EUA/Austrália/81’), de James Becket e Camila Becket Sessão com apresentação de Thaíssa Aragão do Convivium Slow Food Cerrado SINOPSES ANTES DO PRATO Brasil, 2022, 54min, 12 anos Direção: Carol Quintanilha Produção executiva: Juliana Borges Produção> Theodora Filmes Realização : Greenpeace Com: Paola Carosella, dona Jacira Roque Uma realização do Greenpeace Brasil, com produção da Theodora Filmes e apoio do Instituto Ibirapitanga, o documentário vai a três regiões do Brasil e mostra uma mobilização social potente e diversa para combater a fome, gerar saúde e garantir um meio ambiente em equilíbrio para toda a população. Diante de um país em crise, o filme retrata como a agricultura familiar agroecológica vem criando pontes entre as cidades e o campo para propor uma revolução no atual modelo de produção e consumo de alimentos. Uma revolução em rede, conectada, solidária. E que já está em andamento. ALMOÇO DE DOMINGO (LE REPAS DOMINICAL) França, 2015, 13min, 12 anos Direção: Céline Devaux É domingo. No almoço, James observa os membros da sua família. Eles lhe fazem perguntas sem ouvir suas respostas, lhe dão conselhos de coisas que eles mesmos não fazem, o acariciam e lhe dão bofetadas; mas é normal, é o almoço de domingo. A RECEITA DO EQUILÍBRIO (LA RECETA DEL EQUILIBRIO) Espanha, 2020, 70min, 12 anos Direção: Óscar Bernàcer Ricard Camarena baseia sua culinária na produção vegetal local de Valência. Sua busca constante pela harmonia entre sabores tem seduzido a crítica e ultrapassado fronteiras. Ao lado de Mari Carmen Bañuls, cérebro da gestão dos seus restaurantes, os dois formam uma equipe indissociável que superou grandes adversidades para alcançar o sucesso, garantido por duas estrelas Michelin e pelo recente Prêmio Nacional de Gastronomia. O casal vive o momento mais equilibrado. Equilibrado? O surto da Covid-19 os lançou num desafio até então inédito: reabrir seus restaurantes com a incerteza do “novo normal”. Indiferente à pandemia, a horta continua seu ciclo natural de crescimento e oferece ao chef um novo horizonte de sabores. AS SEMENTES DE VANDANA SHIVA (THE SEEDS OF VANDANA SHIVA) Austrália, 2021, 81min, 12 anos Direção: James Becket, Camila Becket Como a filha obstinada de um conservador florestal do Himalaia se tornou o pior pesadelo da Monsanto? “As sementes de Vandana Shiva” conta a história de vida notável da eco-ativistagandhiana Dra. Vandana Shiva, como ela enfrentou os Golias corporativos da agricultura industrial, ganhou destaque nos movimentos de economia de sementes e alimentos orgânicos e está inspirando uma cruzada internacional transformadora. À PROCURA DE MULHERES CHEFS (A LA RECHERCHE DES FEMMES CHEFS) França, 2016, 90min, 12 anos Direção: Vérane Frédiani O mundo da gastronomia é dominado por grandes chefs homens. Mas por que isso acontece? Para conduzir essa investigação, Vérane Frédiani viajou os quatro cantos do mundo e foi ao encontro de mulheres ativas, que trabalham duro para treinar suas equipes e que têm inovado na alta gastronomia. Ao longo do filme, estão mulheres que lideram as cozinhas de ótimos restaurantes, mas que estão também nas escolas e mesmo fazendo comida de rua. São ainda sommeliers, ativistas, que lutam diariamente para existir em esferas masculinas, que promovem o desenvolvimento sustentável e que querem mudar o mundo através de sua visão de gastronomia, expandindo o papel das mulheres na sociedade. BOM DIA, MUNDO (BONJOUR, LE MONDE) Animação, França, 2019, 61min, 10 anos Direção: Anne-lise Koehler e Eric Serre Filme baseado numa série de animação cujo piloto foi premiado no Annecy Animation Festival em 2015, onde o longa foi exibido pela primeira vez, em 2019. Dez espécies de animais nascem entre muitas outras, vivem e se desenvolvem ao longo de um rio... A coruja de orelhas compridas voa para nascer uma segunda vez e dominar a noite. O grande “mergulhão-de-crista” percorre o seu território pesqueiro, tornando-se invisível e fazendo a dança das algas. O martim-pescador em sua jornada em busca de um lugar ao sol. A tartaruga de lago européia que se deixa guiar pela água e desafia o tempo. O noctule de Leisler que vê com os ouvidos a sinfonia da noite. O castor europeu, este construtor das margens que não resiste ao cheiro das árvores. A salamandra malhada que explora os dois lados do mundo, essa estranha maravilha. A garça, o pássaro de junco que sonha em pegar a lua. O peixe “lúcio do norte” que deseja se tornar colossal para viver grandes aventuras. E finalmente o imperador “anax”, esse lutador cuja armadura é forjada pelo sol. Todos exclamando: “Olá mundo!". CONSTANTE Y EL FLORIDITA DE HEMINGWAY Espanha, 2020, 55min, 12 anos Direção: Ramón Vilaró O famoso mixologista (coqueteleiro) Constante Ribalaigua, natural de Lloret de Mar (Girona), emigrou para Cuba no final do século IXX, e alcançou fama mundial como dono da "Floridita". O bar conquistou um célebre cliente regular, o escritor Ernest Hemingway, que batizou o proprietário de "O Rei dos Daiquiris". Rodado em Havana, Barcelona e Lloret de Mar, relata as experiências em Cuba do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e sua especialíssima relação com o famoso Ribalaigua. O filme conta com a participação especial do ator cubano Jorge Perugorría (de “Morango e Chocolate”). “Não se preocupe em descobrir igrejas, prédios ou praças de uma cidade. Se você quer conhecer sua cultura, passe uma noite em seus bares”, dizia Ernest Hemingway. FOÇA, MERCADO DA TERRA (FOÇA, EARTH MARKET) Turquia, 2019, 11min, Livre Direção: Ramazan Emiroğlu O documentário enfoca pequenos agricultores familiares que utilizam técnicas tradicionais no entorno da cidade de Foça, província de İzmir. Essas famílias comercializam seus produtos agrícolas ali mesmo, em Foça (pronuncia-se fotcha), onde há um mercado estabelecido há muito tempo. Muitos fazem pão com farinha moída com trigo, uma herança do tempo dos moinhos de pedra, além de azeitonas em conserva das árvores das redondezas e as vendem em salmoura. Trazem para o mercado as ervas e legumes que cultivam em seus jardins e assim resistem à agricultura industrial. Há entre todos uma rejeição aos fertilizantes químicos, pesticidas químicos e herbicidas nocivos ao solo. Desta maneira, conseguem garantir que alimentos limpos e justos sejam produzidos localmente. MERCEARIAS DE BEAGÁ Minas, 2021, 28’17´, Livre Direção: Marcos Lôndero e Nani Rodrigues As mercearias são locais de contemplação, onde se encontra de tudo. Tudo mesmo. De cerveja gelada a ratoeira, de vela de 15 dias a maria mole, passando por queijos, frios, óleo de motocicleta, enlatados, vassouras, ração para gatos e cachorros e por aí vai. Além disso, ainda tem o lance dos olhos nos olhos, da camaradagem, da caderneta de fiado. “Mercearias de Beagá – Circuito Histórico” celebra cinco casas, em quatro regiões de Belo Horizonte: Mercearia do Chico, Pérola do Atlântico, Bar e Café Cristal, Armazém do Zé Totó e Bar e Mercearia do Zé Correia. Conta as histórias desses bravos estabelecimentos, todos eles com mais de 40 anos de serviços prestados à população da capital mineira e que foram passados de pais para filhos. NESTE MUNDO (IN QUESTO MONDO) Itália, 2018, 97min, 12 anos Direção: Anna Kauber O documentário conta a história da vida de pastoras na Itália e é o resultado de uma jornada de mais de dois anos e 100 entrevistas com mulheres entre 20 e 102 anos. A figura do pastor, nas imagens e simbolicamente, está associada ao gênero masculino. Mas no setor de criação de ovinos e caprinos, cada vez mais mulheres optam por realizar esse trabalho tradicionalmente patriarcal. O filme conta a história dessas mulheres através da experiência da diretora, que viveu com elas e mergulhou no seu dia a dia. Os laços de amizade e carinho assim criados tornaram-se um dos fundamentos da linha narrativa íntima e espontânea das protagonistas. O documentário é, portanto, uma representação desse mundo incomum, onde a distinta abordagem feminina traz implicações na lida dos animais, protegendo sua extraordinária biodiversidade e, ao mesmo tempo, preservando as majestosas paisagens italianas das grandes altitudes. *Prêmio de Melhor Documentário Italiano no Festival de Cinema de Turim 2018. O BRANCO DA RAIZ Brasil, 2019, 24min, Livre Direção: Anderson Barbosa Uma vez por ano, uma família coleta e desafia o momento de plantar, colher e produzir farinha de mandioca artesanal no interior de Alagoas. A farinha de mandioca é uma das principais bases da cultura brasileira e por muitos considerada a raiz de seu povo: uma tradição silenciosa que está morrendo lentamente. O MESTRE CERVEJEIRO (THE MASTER BREWER) Finlândia, 2021, 26’50, 12 anos Direção: Antti Haase A ascensão, queda e ascensão de uma cervejaria local na Lapônia. Esta história mágica de retorno começa com Leo Andelin, que em 1963 desenvolveu a comida mais famosa da Finlândia: a cerveja Lapin Kulta. Menino de uma família da classe trabalhadora na remota Tornio, Leo cresce para se tornar um humilde “cavalheiro da cerveja”. Ele nutre uma relação apaixonada por sua “flor da cerveja do norte”, conquistando então uma verdadeira aclamação internacional. Mas o trabalho da vida de Leo é destruído quando, em 2010, a consagrada cervejaria Tornio é fechada pela gigante global Heineken. Mas o repatriado local Kaj Kostiander corre para resgatar o velho “Jedi da cerveja”, Leo, que transmite sua sabedoria para o jovem. Juntos, eles lançam uma campanha recorde de crowdfunding e vão atrás da levedura da cerveja original. Como um conto de fadas, uma recompensa dourada aguarda Leo e Kaj no final. Edificante e belo, “The Master Brewer” mostra como as pessoas que vivem longe dos centros do poder global ainda podem sobreviver e prosperar com engenhosidade, perseverança e autenticidade. O VEGETARIANO (IL VEGETARIANO) Itália, 2019, 110min, 12 anos Direção: Roberto San Pietro Krishna, filho de um brâmane, mora na Itália ordenhando vacas. Esta atividade o remete à sua infância na Índia, caracterizada por um grande respeito pela natureza. Lá, quando uma vaca improdutiva está para ser abatida, ele tem que fazer uma escolha difícil: aceitar a cultura em que vive ou seguir sua consciência? OMELIA CAMPONESA (OMELIA CONTADINA) França/Itália, 2019, 10min, 12 anos Direção: JR e Alice Rohrwacher Em parceria com o artista plástico francês JR, Alice Rohrwacher, uma das jovens diretoras italianas mais promissoras da atualidade (do filme “Lazzaro Felice”), filma uma ação cinematográfica com um grupo de camponeses do norte da Itália. No dia dos mortos, eles declamam textos proféticos de Pier Paolo Pasolini e Rachel Carson (do clássico da literatura ambientalista Primavera Silenciosa), numa cerimônia funerária. O defunto é a cultura milenar de milhões de pequenos agricultores que lutam todos os dias para nos manter vivos, produzindo comida e mais vida. OS CAÇADORES DE TRUFAS (THE TRUFFLE HUNTERS) EUA/Itália/Grécia, 2020 84min, Livre Direção: Michael Dweck e Gregory Kershaw O filme acompanha várias pessoas idosas que procuram o Piemonte italiano em busca da desejada trufa branca de Alba. A iguaria fica escondida nas profundezas das florestas do norte da Itália. Desejada pelos clientes mais ricos do mundo, a trufa branca permanece um mistério tão aromático quanto estranho. Não pode ser cultivada ou encontrada, mesmo com as escavadeiras mais modernas e engenhosas. Os únicos seres na Terra que sabem desenterrá-los são um pequeno grupo de cães e seus companheiros humanos de cabelos grisalhos, idosos italianos que andam com uma bengala e possuem um senso de humor perverso. Curiosamente, eles só vão em busca de trufas à noite para não dar pistas para outros como eles. No entanto, este pequeno grupo de rastreadores dá origem a um incrível mercado que abrange todo o planeta. *O filme foi premiado nos festivais de Capri/Hollywood, American Society of Cinematographers/EUA, Cinema Eye Honors Awards/EUA, El Gouna Film Festival/Egito, dentre outros. SEMEADORAS DE VIDA (SEMBRADORAS DE VIDA) Peru, 2019, 74min, Livre Direção: Álvaro e Diego Sarmiento Cinco mulheres do planalto andino em sua luta diária para manter uma maneira tradicional e orgânica de trabalhar a terra. Na cosmovisão andina, as mulheres e a terra estão fortemente interrelacionadas. Tanto o corpo de uma mulher quanto o solo da terra são capazes de dar e nutrir vida. No contexto de uma crescente industrialização da agricultura e com o uso de pesticidas químicos e sementes geneticamente modificadas, são as mulheres - conectadas à terra através de laços de irmandade - que assumem o papel de protetoras da “mãe terra”. O documentário abarca o processo de trabalho segundo o calendário agrícola, nos diferentes labores de semeadura e cultivo, em Puno e Cusco e captura a emoção e a alegria de trabalhar no campo – além de uma grande preocupação pela mudança climática, que provoca secas e friagens, afetando a vida dos agricultores. Prêmio de Melhor Documentário Internacional do Festival Internacional de Cine Indígena Dreamspeakers Film Festival, no Canadá. SEMENTES ENTERRADAS (BURIED SEEDS) Índia, 2017, 75min, 12 anos Direção: Andrei Severny Uma história de paixão e determinação diante das adversidades da vida. O filme acompanha Vikas Khana, chef estrela Michelin, em sua jornada como imigrante. Vikas, quando criança, costumava se refugiar na cozinha da avó e ali descobre sua paixão pela tradição da culinária indiana. Aos 29 anos, ele se muda para Nova York e acaba em um abrigo para sem-tetos. Depois de anos de luta e trabalho duro, ele abre seu primeiro restaurante indiano em Manhattan. Hoje é um dos chefs mais influentes do mundo. *O filme conquistou mais de 25 prêmios em festivais internacionais, entre eles os de Melhor Documentário, Diretor e Trilha Sonora, em festivais como Canadá, Nova York, Florença, Calcutá, assim como o Prêmio do Cinema Europeu. SETEMBRO A VIDA INTEIRA Portugal, 2019, 98min, 12 anos Direção: Ana Sofia Fonseca Um país. 700 milhões de garrafas. Mais de 2.000 anos de história. Todos os calendários, a sorte jogada em setembro. Homens, mulheres e crianças contam a vida pelas vindimas. O vinho está na moda e o português nunca teve tanto reconhecimento como hoje. Este filme é o retrato pessoal, um tema universal com a alquimia local. Uma viagem pela intimidade das vinhas e das adegas, descobrindo paixões, crimes e aventuras. Mas é também um filme sobre liberdade e fé. Um convite à reflexão sobre a natureza humana e a relação entre os donos da terra e quem a trabalha. Porque nada fermenta como uma boa história: as vidas das gentes do vinho são passaporte para descobrir Portugal. YILAN, UM GOSTINHO DE CASA (YILAN, A TASTE OF HOME) Taiwan, 2021, 18min, 12 anos Direção: MoMo Tseng e Hsing-Ying Quando o chef Andoni e seus colegas fazem uma viagem a Yilan para participar de um fórum sobre gastronomia, eles não nutriam grandes expectativas. Como especialistas em cozinha basca, eles simplesmente querem compartilhar sua experiência com os outros. Mas a região de Taiwan rapidamente os cativa. Eles ficam hipnotizados com a colheita de folhas de chá frescas, mercados matinais repletos de produtos locais e descobertas culinárias inesperadas. Os paralelos entre as cozinhas basca e taiwanesa são surpreendentes e inesperadas tanto em técnicas, tradições e identidade cultural. O talentoso documentarista MoMo Tseng fez um documento sobre comida, sabores, tradições e identidades. SESSÕES INFANTIS TELA VERDE ERNEST E CÉLESTINE NO INVERNO França, 2017, 48min. Livre Direção: JulienChheng e Jean-Christophe Roger. Ernest é um grande urso da montanha. Ele gosta de tocar música e comer geleia. Ele acolheu Celestine, um pequeno rato órfão, e agora eles vivem juntos. À medida que a primeira neve se aproxima, eles se preparam para a hibernação de Ernest: é preciso cuidar de Bibi, seu ganso selvagem que voará antes mesmo do início dos grandes frios, ir ao baile dos ratos e celebrar o primeiro dia do inverno. Por fim, prepare um delicioso biscoito para que Ernest coma um bom lanche antes de hibernar até a primavera! TAINÁ – A ORIGEM Brasil, 2013, 80min, Livre Direção: Rosane Svartman Com: Wiranu Tembe, Beatriz Noskoski, Igor Ozzy, Anderson Bruno, Gracindo Júnior, Nuno Leal Maia, Guilherme Berenguer, Mayara Bentes A floresta amazônica é invadida por piratas da biodiversidade e a jovem índia Maya (Mayara Bentes) acaba tornando-se vítima dos bandidos, deixando órfã a bebê Tainá. Abrigada entre as raízes da Grande Árvore (sapopemba), a criança é salva e criada pelo velho e solitário pajé Tigê (Gracindo Júnior). Cinco anos depois, ele leva Tainá (Wiranu Tembe) à aldeia do seu povo, onde está para ser escolhido o novo líder defensor da natureza. Por ser menina, Tainá é impedida de se apresentar ao combate, mas pela herança de Maya, a última das Amazonas guerreiras, e com o apoio de Laurinha (Beatriz Noskoski), esperta menina da cidade, e do índio nerd Gobi (Igor Ozzy), a indiazinha parte para derrotar os malfeitores, desvendando o mistério de sua própria origem. FICHA TÉCNICA – 11º SLOW FILME Realização: Objeto Sim Projetos Culturais Direção geral: Gioconda Caputo e Carmem Moretzsohn Curadoria: Sérgio Moriconi Coordenadora de produção: Amanda Guedes Coordenação de atividades paralelas: Guilherme Lobão Assessoria de imprensa: Objeto Sim Fotografia: Zuleika de Souza Designer gráfico: João Victor Maciel Cobertura videográfica: Lucas Ayub Cenografia: Natália Ayub Interiores e Cenografia Mídias sociais: Zebelê Comunicação – Gabriel Hoewwll/Mônica Rodrigues Programação visual: João Victor Maciel Vinheta: Cinese Audiovisual SERVIÇO 11º SLOW FILME – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E ALIMENTAÇÃO Data: 24 a 28 de agosto de 2022 Local: Cine Brasília e Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul

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