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Livreto de Cordel é distribuído a escolhas públicas, bibliotecas e casas de cultura popular do DF


A vida e as experiências de um piauiense do interior, contadas através dos versos de um cordel, oferecem um retrato do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. “Dor e flor da minha vida” é título do livreto de cordel que narra um pouco da vida de José Alves de Sousa, o José Cisnandes, filho de vaqueiro, marido de dona Mercê, pai de 12 filhos e morador de São Francisco do Piauí. José Cisnandes enfrentou de frente os revezes da vida e legou a seus descendentes uma lição de esperança. O livreto está sendo distribuído às escolas públicas do DF.

Dor e flor da minha vida” foi escrito em 2015 e só agora ganha edição, graças ao patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. A tiragem de 1.000 livretos de cordel e 100 livretos de cordel em Braille está sendo distribuída gratuitamente em escolas públicas, bibliotecas e casas de cultura popular (como a Casa do Cantador) de diversas regiões administrativas do DF e entorno, inclusive na zona rural.

A obra, que conta com xilogravuras da artista e ilustradora Nara Oliveira, foi escrita pelo autor como resultado de uma promessa feita a uma de suas filhas e ganha edição por iniciativa de outra filha, Nalva Sysnandes, uma das mais ativas produtoras culturais de Brasília.

POESIA POPULAR

Grande parte da população que morava em Brasília, antes da inauguração da cidade, em 1959, vivia em acampamentos da construção civil e quase metade era nordestina. Entre eles, piauienses criados “com leite de jumenta e caroço de manga”, como contaram alguns. Segundo dizem, os piauienses formaram a segunda maior colônia de pioneiros responsáveis por construir a nova capital federal. Hoje, milhares de piauienses habitam a capital do país, inseridos em todos os seus espaços. Muitos deles irão se identificar com os versos de “Dor e flor da minha vida”.

Em 32 páginas, numa escrita rimada e simples, José Alves de Sousa relata sua infância. Somos levados a um mergulho no Nordeste brasileiro da década de 1930 e ao eterno sonho dos jovens de conseguirem melhorar de vida migrando para outras regiões. O retorno à terra natal, o apaixonamento pela bela Mercê, casamento, filhos, netos. Está tudo lá, até a velhice ao lado da esposa, acompanhando de longe a vida dos filhos nas grandes cidades.

Nascida em Portugal no século XII, a literatura de cordel recebeu esse nome devido à forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. O gênero chegou ao Brasil no século XVII e se popularizou no século seguinte, especialmente no Nordeste do País. Assemelhando-se aos trovadores medievais, os repentistas ajudaram a divulgar o estilo, musicando as histórias do cordel, feitas em versos rimados.

A literatura de cordel conjuga várias manifestações artísticas: escrita, oralidade e gravura. Os livretos são ilustrados com xilogravuras e a linguagem é leve e bem-humorada, criada para ser declamada e seguindo algumas regras quanto à métrica e rimas.

Os exemplares de “Dor e flor da minha vida” seguem o formato tradicional dos livretos de cordel – com exceção da tiragem editada em Braille, para melhor atender à leitura de quem tem deficiência visual. Segundo relata a coordenadora geral do projeto, Nalva Sysnandes, a intenção é alavancar o trabalho de novos autores: “Queremos divulgar o cordel, incentivar talentos à arte da escrita e contribuir para a popularização da literatura, colocando o cordel ao alcance de todos, tanto em escolas quanto em bibliotecas”.


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