Marcha das Mulheres Negras reúne mulheres de 37 países em Brasília para construir caminhos de reparação histórica e bem viver
- Rodrigo Carvalho
- há 18 minutos
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Entre os dias 22 e 24 de novembro, Brasília (DF) será palco dos Diálogos Globais por Reparação e Bem Viver, iniciativa do Comitê Impulsor Global rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, formado por mulheres de mais de 37 países. O encontro propõe uma experiência de intercâmbio entre saberes, histórias e resistências femininas negras, reunindo mulheres negras e aliadas para refletir sobre as múltiplas formas de violência, desigualdade e invisibilização enfrentadas historicamente. As inscrições são gratuitas. CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE.
O evento integra a programação oficial da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que acontece no dia 25 de novembro, em Brasília, e se coloca como um espaço de construção coletiva de alternativas globais para justiça social, reparação histórica e da construção do Bem Viver, conceito que valoriza a harmonia entre comunidades, meio ambiente, território e cuidado com a vida em suas múltiplas dimensões.
Para Naiara Leite, ativista do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras, os diálogos representam um marco na articulação entre mulheres negras do Brasil, da diáspora e do continente africano, e reafirmam a potência de uma luta que atravessa fronteiras.
“Os diálogos globais são importantes porque reúnem mulheres do mundo inteiro para participar de uma marcha que representa uma luta transnacional, uma luta pela construção de outro mundo possível. Uma luta por uma nova forma de viver, em que a vida, a dignidade, o respeito, os direitos, a existência e a preservação dos sonhos sejam o horizonte central. É sobre imaginar um futuro em que os grandes projetos de democracia e justiça sejam pensados a partir de sistemas mais justos e igualitários.”
A dimensão internacional dos Diálogos também é ressaltada pela colombiana Paola Yañez-Inofuentes, Coordenadora Geral da Rede de Mulheres Afrolatinoamericanas, Afrocaribenhas e da Diáspora (RMAAD) e membra do Comitê Impulsor Global da Marcha, que destaca o caráter histórico e coletivo do encontro:
“É um evento muito importante, que convoca não apenas as mulheres negras do Brasil, mas as mulheres negras do mundo. As discussões desses dias giram em torno da reparação e do Bem Viver, em um grande intercâmbio entre nós, para olharmos, de diferentes lugares e perspectivas, os mesmos temas e construirmos juntas esse novo mundo possível. Um mundo onde nós, mulheres negras, somos a alternativa ao que está posto, com a convicção de que é possível construir uma sociedade antirracista, um mundo em que possamos existir plenamente, com reparação histórica e Bem Viver.”
Os diálogos estão estruturados em cinco eixos de atuação, que orientam a programação e as discussões:
Geopolítica da Reparação e Bem Viver a partir do Sul Global e Alianças Transnacionais
Territórios, Corpos e Espiritualidades das Mulheres Afro contra a Violência Política, de Gênero e de Raça
Economia, Trabalho, Tecnologia e Empoderamento
Arte, Cultura, Comunicação e Narrativas
Participação, Liderança e Ação Política
O encontro reunirá 250 mulheres, com 50 vagas por eixo, sendo 10 vagas para cada eixo destinado às mulheres do Brasil. As inscrições são limitadas e podem ser feitas até 18 de novembro, ou até o preenchimento das vagas.
Ao reunir mulheres de diversas regiões e experiências, os Diálogos Globais reforçam o protagonismo feminino na construção de soluções coletivas frente às desigualdades globais, consolidando redes de solidariedade, resistência e transformação social, capazes de inspirar políticas, práticas culturais e comunitárias pautadas na equidade e na valorização da vida.
Naiara acrescenta que essa mobilização também é um exercício coletivo de imaginação e continuidade das lutas das mulheres negras em escala global.
“O nosso desejo coletivo pós-marcha é que a gente siga juntas, olhando para esse mundo imenso, alimentando a imaginação radical de mulheres negras, africanas, trans, jovens, mais velhas, LBTIs e de tantos outros segmentos. Que continuemos articuladas, criando novas formas de sonhar e viver, fortalecendo as lutas, as histórias e as esperanças. Que essa imaginação radical nos inspire a realizar os sonhos de agora e os que virão, sonhos de liberdade, de vida plena, de futuro, de continuidade para o nosso povo e para todas nós.”
Semana por Reparação e Bem Viver
Os Diálogos Globais por Reparação e Bem Viver fazem parte da Semana por Reparação e Bem Viver, uma expressão da força coletiva das mulheres negras que constroem a Marcha. Brasília se torna território de encontros, ideias e movimentos que negritam a potência de um mundo guiado pela inteligência, inventividade e pela ancestralidade das mulheres negras de diferentes territórios.
Mais de 60 atividades tomam forma em diferentes espaços da capital federal, celebrando o trabalho das Mulheres Negras pela construção de uma sociedade com justiça social, equidade e Bem Viver.
A Marcha acontece em escala global porque as mulheres negras, em cada país e território, enfrentam estruturas semelhantes de exclusão, ainda que marcadas por contextos distintos. Reparação e Bem Viver são, portanto, uma agenda comum de resistência, liberdade e imaginação política, capaz de unir as lutas locais em um mesmo horizonte de transformação mundial.






