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Meu Nome é Fernando: peça chega a Brasília após premiações no Paraná

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No palco, um filho criminoso respira, enquanto um pai morto aguarda na aporta do inferno. Entre eles, um silêncio de décadas prestes a ser quebrado. "Meu Nome é Fernando", em cartaz de 21 a 23 de novembro no SESC Ary Barroso (504 Sul), não vem pedir perdão. Vem cobrar a dívida de um amor que nunca chegou. Arrastando uma mala de cartas nunca enviadas, Fernando transforma o funeral em um ritual de prestação de contas particular - onde finalmente dirá ao pai quem sempre foi. O público testemunhará a autópsia desse relacionamento falecido, sem anestesia.


Com dramaturgia e atuação premiadas no Paraná, Bruno Estrela, usa a obra para escavar a ferida primordial: a de um filho que nunca foi suficiente. “Esta peça é a performance grotesca, mas doce que todo filho rejeitado por pais homofóbicos deveria fazer, nem que fosse no enterro deles”, diz Estrela. “É sobre a tortura psicológica de carregar o fardo de uma identidade que sempre desapontou a todos”. Sobre o personagem, ele acrescenta com a crueza que o tema exige: “Fernando descobriu que às vezes a única forma de suportar a rejeição é abraçar a própria ruína com graça. Ele não está no fundo do poço – ele é o poço, e convida o público a pular junto”. Na nova peça o intérprete – recentemente premiado no FESTCARAS e indicado ao Prêmio SESC + Cultura – encara o desafio de dar vida a um monstro e mergulha nas feridas abertas do desamor que deforma indivíduos. “Não é mais um monólogo. É um crime íntimo onde espectador e personagem se tornam cúmplices”, define Estrela, que contou com a cumplicidade do público bem antes da estreia da peça.


A FORÇA DO COLETIVO


O processo criativo envolveu a participação direta de pessoas anônimas que verão fragmentos de suas histórias no palco. Durante meses, a Casa de Ferreiro Companhia de Teatro recebeu depoimentos via redes sociais. “Pedimos que as pessoas mandassem pra gente mensagens reais que teriam vontade de enviar aos pais. E muitas cartas que Fernando lê em cena são dessas vozes anônimas". A partir daí o texto, é costurado em retalhos que ilustram como a rejeição familiar, principalmente relacionadas à homofobia, constrói gerações de homens à beira do abismo. Tendo o público como maior aliado, o espetáculo ganhou vida graças a uma campanha de financiamento coletivo que não apenas atingiu, mas superou a meta inicial. “Sem contar com verbas públicas ou editais governamentais de fomento, tinhamos a urgência de contar essa história. E a resposta das pessoas, ao investir seu próprio dinheiro na construção de uma obra teatral, é um sintoma raro de que nossa arte desperta interesse e é valorizada”, reflete o ator e dramaturgo. Para ele, tal conquista é fruto da credibilidade que o grupo consolidou ao longo de anos de atuação na cena cultural brasiliense.


GRUPO PREMIADO


A Casa de Ferreiro, companhia brasiliense com trajetória consolidada e reconhecida nacionalmente, acumula inúmeros prêmios que atestam sua relevância artística e cultural. Entre eles, destacam-se o recente Prêmio Web de Teatro 2024, conquistado como Melhor Iniciativa Teatral pela revitalização do lendário Teatro Oficina Perdiz, e o Prêmio Aldir Blanc, recebido por sua atuação cultural de impacto no Distrito Federal. Sob a direção sensível e provocadora de Silvia Viana, a iluminação e direção de arte inventiva de Cleiton do Carmo, e o figurino instigante de Silvia Mello, o grupo reafirma no novo espetáculo seu compromisso com um teatro de denúncia que não se limita ao entretenimento, mas que se coloca como espaço de reflexão e questionamento social.


HERANÇA DE UMA MUSA UNDERGROUND


Livremente inspirado na obra “Tudo Que Você Não Soube”, de Fernanda Young, o espetáculo mantém o tom característico da autora: o humor ácido como escudo contra a dor mais profunda. “Fernanda tinha a rara capacidade de transformar tragédias domésticas em arte universal. Seguimos essa tradição, mas com uma linguagem cênica própria”, acrescenta .


ALERTA SENSÍVEL


A classificação é de 14 anos. E a peça traz cenas fortes e aborda temas sensíveis que podem ser perturbadores, incluindo: rejeição e alienação parental, abandono afetivo, homofobia e tortura psicológica.


SERVIÇO:

“Meu Nome é Fernando”

Onde: Teatro Ary Barroso (SESC 504 Sul)

Quando: 21 a 23 de novembro

Classificação: 14 anos (contém cenas fortes de teor psicológico)


SINOPSE: Fernando vai ao enterro do pai para fazer o que nunca fez em vida: se apresentar. Com uma mala cheia de cartas nunca enviadas, ele encena um funeral particular onde desenterra tudo - da rejeição por ser quem era, às cicatrizes invisíveis que toda família prefere ignorar. O monólogo é livremente inspirado em "Tudo Que Você Não Soube" de Fernanda Young. Preparem-se para enfrentar um monstro, e para a pergunta que não quer calar: até onde pode ir alguém que nunca foi amado? E por último pedimos que se possível, não se assuste, qualquer semelhança entre você e o monstro, não terá sido mera coincidência.


SERVIÇO

“Meu Nome é Fernando (ou o destino das palavras não ditas)”

Data: 21 a 23 de novembro de 2025

Local: Teatro Ary Barroso – SESC 504 Sul

Horário: 20h

Duração: 55 minutos

Classificação: 14 anos

Informações: (61) 99663-9268

Direção: Silvia Viana

Dramaturgia e Atuação: Bruno Estrela  Direção de Arte e Iluminação: Cleiton do Carmo

Figurino: Silvia Mello

Cenotecnia: Marno Matte

Fotos e Vídeos: Rodrigo Hanna

© 2025 por Rodac Comunicação Criativa

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