Mostra de Cinema Adrian Cowell exibe documentários sobre Chico Mendes e promove debate
- Rodrigo Carvalho
- 24 de jun. de 2022
- 3 min de leitura

Colocando em pauta assuntos de extrema relevância para a preservação ambiental e da história dos povos originários, “Histórias da Amazônia: Mostra Adrian Cowell de Cinema Socioambiental” chega ao fim nesta sexta-feira (24) presencialmente no Memorial Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (Beijódromo) e online pela plataforma Amazônia Flix e pelo canal de youtube do Núcleo de Estudos Amazônicos (NEAZ) com entrada franca. Ao longo da semana, o evento exibiu um panorama da carreira do documentarista inglês Adrian Cowell e de uma nova geração de cineastas que se dedica a filmar a floresta, os indígenas e outras populações tradicionais.
Serão duas sessões, a primeira com o tema “Amazônia: O Ciclo das Águas e a Ciência da Floresta” e a seguinte “Defensores da Floresta e dos Rios da Amazônia” com mediação do jornalista Felipe Milanez, diretor do documentário Toxic Amazônia, que faz parte da programação. “Eu já vinha trabalhando sobre conflitos na Amazônia e violência contra os povos indígenas quando colegas da Funai me contaram do trabalho de Adrian Cowell e Vicente Rios. Foi transformador ver seus filmes. Permitiu que eu tivesse uma noção histórica da realidade e compreendesse essa longa sina de devastação que teve início com a invasão da ditadura civil-militar”, conta Milanez.
O público poderá conferir os documentários Chico Mendes: Eu Quero Viver, Tempestades na Amazônia e O Sonho do Chico, dirigidos por Cowell, sobre o seringueiro que marcou o Brasil com sua luta pela preservação da floresta, sendo um dos mais importantes ativistas da nossa história. Milanez lembra que o britânico admirava Chico Mendes e se comoveu com os assassinatos dos ativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, mortos em 2011 por se colocarem contra o extrativismo irregular na Amazônia. “Adrian me mandou uma mensagem depois do assassinato de Zé Claudio e Maria: "Chico, se estivesse vivo, sem dúvida gostaria de ajudar na causa de Ze Claudio e Maria". Por isso, Adrian doou as cenas de 5 minutos de seu filme para que eu pudesse usar no Toxic, para contar a história de Zé Claudio e Maria. O filme que fiz é uma inspiração na linguagem e no comprometimento de Adrian. Assim como a luta de Chico seguia na luta de Zé Claudio e Maria, também me identifiquei com Adrian para que essas vozes fossem ouvidas mais longe”, relata o jornalista.
O encerramento contará ainda com a participação ilustre de Ailton Krenak, autor de livros como “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “O amanhã não está à venda” (2020) e “A vida não é útil” (2020), reconhecido internacionalmente como uma das mais importantes lideranças indígenas da atualidade, fazendo reflexões sobre as questões abordados na mostra e sua relevância para a atual conjuntura.
O Núcleo de Estudos Amazônicos (NEAZUnB) realiza o evento com a colaboração do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da PUC Goiás; da Casa Oswaldo Cruz; e do Instituto Oca do Sol, além do apoio de outras instituições, unindo forças na busca da disseminação das obras de Cowell e outros cineastas, por entender a relevância do apoio às lutas dos povos originários. A programação completa e outras informações estão disponíveis no site: mostraadriancowell.com.br.
Sobre Adrian Cowell
A carreira de Adrian Cowell foi marcada pelos trabalhos retratando a floresta brasileira, especialmente no Parque do Xingu, local que conheceu em 1957 e pelo qual foi apaixonado até seu falecimento, em 2011. Com uma obra produzida ao longo de cinco décadas, o cineasta inglês Adrian Cowell (1934-2011) contribuiu, de forma inédita, para chamar a atenção do Brasil e do mundo para questões fundamentais da vida no planeta, especialmente na Amazônia.
Seus filmes destacaram temas que continuam extremamente atuais até hoje, como a relevância ecológica da Amazônia com sua enorme biodiversidade e seu papel essencial para o equilíbrio do sistema climático, a importância dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais, com sua diversidade cultural e profundos conhecimentos sobre a proteção e uso sustentável da floresta, e os conflitos provocados por modelos insustentáveis e predatórios de ‘desenvolvimento’. Sua obra-prima A Tribo que se Esconde do Homem serviu como inspiração para a canção Kreen-AKrore, de Paul McCartney.
Mostra Adrian Cowell de Cinema Socioambiental – Até 24 de junho
Sessões Beijódromo - UnB
Sexta (24) - às 17h
Plataforma Amazônia Flix
Acesso aos filmes - https://amazoniaflix.com.br/
Link para a Mostra https://mostraadriancowell.com.br/
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