“Ruídos” | de Berna Reale | Últimos dias
- Rodrigo Carvalho
- 28 de fev. de 2024
- 5 min de leitura
O público tem até o dia 10 de março para visitar a mostra “Ruídos”, que apresenta um recorte da produção de uma das mais importantes artistas visuais brasileiras contemporâneas. Com curadoria de Silas Martí, a exposição traz obras em fotografia, objeto escultórico, pintura e vídeo produzidos entre 2009 e 2023. A mostra, que termina na semana de comemoração do Dia Internacional da Mulher a conduz o espectador a uma imersão no trabalho da artista que, em um primeiro momento, seduz pelas cores vibrantes e logo surpreende e impacta pela potência das imagens que denunciam violências de todos os tipos contra as camadas mais vulneráveis da sociedade, em especial as mulheres. Ao visitar a exposição, o público verá também o vídeo inédito “Escape”, produzido em 2023 e finalizado pouco antes da abertura da mostra em janeiro de 2024. Em exibição na Galeria 3 do CCBB Brasília, a visitação é de terça a domingo, das 9h às 21h. A entrada é gratuita, mediante emissão de ingresso no site bb.com.br/cultura ou na bilheteria física. A classificação indicativa é livre.
“Ruídos”, nome dado à mostra, “surge do incômodo daquilo que se apresenta muitas vezes de forma fragmentada e por se assemelhar à sonoridade da palavra “roído”, que por sua vez se refere a um pedaço que falta, que causa desconforto, estranhamento e violência, por menor que seja, que nos desestabiliza”, diz Berna Reale. “É uma escolha da artista e trata da quebra na harmonia”, afirma o curador Silas Martí.
Nascida em Belém (PA), Berna Reale iniciou sua carreira artística nos anos 1990, mas foi em 2006, quando apresentou seu trabalho “Cerne” no 25º Salão de Arte Pará, sua produção passou a ser conhecida nacional e internacionalmente. Desde então, Reale tem explorado seu próprio corpo como elemento central da produção de suas performances, fotografias e vídeos. Seus trabalhos, marcados pela abordagem crítica aos aspectos materiais e simbólicos da violência e aos processos de silenciamento presentes nas mais diversas instâncias da sociedade, investigam a importância das imagens na manutenção de imaginários e ações brutais. A potência de sua produção reside na contraposição entre o desejo de aproximação e o sentimento de repulsa, ressaltando a ironia que resulta da combinação entre o fascínio e a aversão da sociedade pela violência. A fotografia, nesse contexto, desempenha um papel fundamental. Ela não é apenas o meio de registro de suas ações, capaz de perpetuá-las, mas um desdobramento de seu processo de criação. A artista vive e trabalha em Belém, Pará, Brasil.
Muitos devem lembrar-se dos trabalhos em foto e vídeo, como “Palomo” (2012) e Rosa Púrpura (2014) presentes nesta exposição. Juntam-se a essas obras, pinturas pouco vistas. Entre os trabalhos que a artista apresenta está “Cordeiro” (2021), tinta a óleo sobre tela. Impossibilitada de fazer fotoperformance ou performance em espaços abertos durante o período da pandemia da COVID 19, a artista retornou à pintura. “Escolho a técnica a partir da ideia que tenho para um trabalho, busco a forma de executá-lo melhor. Antes, só havia pintado na universidade. Então, não passei para a pintura, voltei a pintar. Durante a pandemia, fiquei”, afirma a artista. “Me identifiquei com a pintura a óleo que é demorada e requer dedicação e quero fazer uma exposição no futuro só de pintura, mas continuo pensando e criando fotos e performances, uma expressão não mata a outra”, completa.
No percurso pela sala de exposição, o espectador irá se deparar com as imagens sedutoras criadas pela artista que, segundo o curador Silas Martí, são estratégicas para denunciar “as mais variadas violências contra os grupos mais vulneráveis, como mulheres, moradores das periferias e populações carcerárias". É uma narrativa do que é viver no Brasil, um país barroco, tropical e violento, e o que é ser brasileiro”.
Berna revela que as cores fortes que utiliza nas suas últimas fotografias das séries “Cabeças Raspadas” (2022), em que meninas usam coques e algemas, e “Blitz” (2022), onde uma arma rosa fluorescente contraste com o fundo azul vibrante e a silhueta de uma pessoa usando um capacete, deve-se à contemporaneidade, inclusive na moda, na alta costura, um tema de que gosta bastante e presente em uma de suas videoperformances – “Habitus” (2015). “Estamos vivendo em um momento de cores fortes e metalizadas e sou uma artista do meu tempo, viajo nele” diz. O curador afirma que o trabalho de Berna Reale, de fato, recria hoje as estratégias do barroco, que é impressionar pela exuberância ao mesmo tempo em que impõe a dura realidade aos sentidos. “É teatral, é chocante, mas tem um traço de realidade crua como espinha dorsal”, ressalta Silas.
A realidade também se apresenta nos objetos escultóricos feitos com formas de alumínio para bolo. A artista ressalta que a interação gráfica do desenho gravado sobre o metal não é apenas um material retirado de seu contexto. É também nos bolos que familiares e mulheres de detentos tentam enviar para dentro dos presídios armas, drogas, celulares e outros objetos de forma clandestina e acabam também sendo detidas. ““Arma branca “diz bastante sobre a violência doméstica. Observe quanta simbologia existe em um bolo com facas gravadas”, completa a artista.
Inédito, o vídeo “Escape” será apresentado pela primeira vez no CCBB Brasília. “É uma parte de um projeto desenvolvido ao longo de um ano”, comenta Berna. “Este projeto também apresenta a mesma personagem em outros contextos, inclusive andando pelas ruas de Nova York. “Este vídeo é talvez o momento que mais representa o projeto, pois fica mais claro o desconforto de não se encontrar no meio da angústia, da solidão e da impossibilidade de sobreviver, de se optar em desistir”, explica.
Serviço:
Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço | SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Espacial Sul – Brasília – DF
Exposição “Ruídos”, de Berna Reale
ÚLTIMOS DIAS
Curador | Silas Martí
Fotografia, objeto, performance, pintura e vídeo
Local | Galeria 3 do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Informações | (61) 3108 7600
Visitação | Até 10 de março
Horário | De terça a domingo, das 9h às 21h
Acesso | Gratuito, mediante retirada de ingresso no site bb.com.br/cultura
Classificação Indicativa | Livre
Informações
Fone: (61) 3108-7600
E-mail: ccbbdf@bb.com.br
Site/ bb.com.br/cultura
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Telefone: (61) 98116-4833
Ficha técnica
Berna Reale – Ruídos
Artista | Berna Reale
Curador | Silas Martí
Coordenação geral | Leandro Gabriel, (Cara Produções)
Produção executiva | Daniel Moreira, (Cara Produções)
Produção Local | Magnólia Produtos e Artefatos Culturais
Projeto expográfico | Stúdio Tavares
Designer gráfico | Fernanda Monte Mor
Assessoria de imprensa | Luiz Alberto Osório
Mídias sociais | Farol Agência Digital
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