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Setembro Amarelo: Brasil registra alta de suicídios entre jovens

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A campanha Setembro Amarelo, criada em 2013 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), reforça a mobilização nacional pela prevenção do suicídio, uma das principais causas de morte evitáveis no mundo.

Para o psicanalista Paulo Henrique Roberto, professor do curso de Psicologia do Centro Universitário UNICEPLAC, a iniciativa cumpre papel essencial ao trazer o tema para o debate público. “No discurso e no imaginário social, o suicídio é considerado uma morte que difere das demais. Por isso, a campanha é muito importante. Promover debates pode contribuir diretamente à reflexão de diferentes sujeitos e maior sensibilização diante do tema. A conscientização é um convite à escuta, presença e ao abraço que não julga”, afirma.

De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil registra mais de 30 internações por dia relacionadas a tentativas de suicídio. Em 2023, foram 11.502 internações, um aumento de mais de 25% em relação a 2014. O levantamento foi divulgado pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

A atenção aos adolescentes e jovens. Segundo o relatório técnico “Adolescência e suicídio: um problema de saúde pública”, elaborado com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (SIM/SUS), entre 2000 e 2022 o suicídio respondeu, em média, por 4,02% das mortes de pessoas entre 10 e 29 anos.

Sinais de alerta

O professor Paulo Henrique explica que os sinais de risco podem surgir tanto em falas quanto em comportamentos. “Muitas vezes, aparecem em discursos que revelam o desejo de desaparecer, falas sobre a dor insuportável ou até expressões de despedida. Também podem estar em atitudes como isolamento repentino, mudanças bruscas no sono e no apetite, abandono de atividades, doação de pertences, uso abusivo de álcool ou drogas e até a busca por meios letais”, orienta.

O campo emocional, segundo ele, também merece atenção especial. “Sentimentos de desesperança, inutilidade, culpa excessiva, irritabilidade e crises frequentes de choro são sinais de alerta, assim como a perda de interesse pelo futuro. Nenhum sinal isolado confirma o risco, mas quando combinados, especialmente diante de sofrimento intenso, exigem atenção imediata, acolhimento sem julgamento e incentivo à busca de apoio profissional”, destaca o psicanalista.

 

Caminhos para prevenção

Para o professor, a prevenção do suicídio precisa ir além do cuidado individual.

“A prevenção exige um olhar atento e sensível, que ultrapassa a esfera pessoal e alcança dimensões familiares, comunitárias e sociais. O acolhimento empático, o incentivo à busca de ajuda profissional e o fortalecimento de vínculos afetivos são fundamentais. No âmbito coletivo, é preciso fortalecer políticas públicas de saúde mental, combater práticas de exclusão e ampliar redes de apoio. Prevenir o suicídio é mais do que evitar uma morte: é criar condições para que cada pessoa se reconheça como parte de um tecido social que acolhe e reafirma sua existência”, explica.

O psicanalista ressalta que a família pode ser tanto uma rede de apoio quanto um fator de risco. “Em muitos casos, exerce papel importante ao oferecer proteção, educação, qualidade de vida e colo — esse colo que ampara a dor e acolhe o sofrimento. Por outro lado, também pode expor a situações de risco, como uso de drogas, negligência, abusos ou bullying. Quando a família não cumpre sua função de cuidado, sobra a dor”, pontua.


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