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Fibromialgia: Dr. Carlos Gropen, especialista em dor, analisa a síndrome que afeta milhões de brasileiros


A fibromialgia é uma síndrome de dor crônica difusa, definida pela presença de dor musculoesquelética generalizada associada a alterações na sensibilidade dolorosa, sem evidências de inflamação ou lesão tecidual estrutural. Trata-se de uma disfunção complexa da modulação da dor, envolvendo mecanismos centrais e periféricos, com repercussões sistêmicas. Além da dor persistente, a fibromialgia caracteriza-se por manifestações associadas que impactam significativamente a qualidade de vida, como fadiga intensa, distúrbios do sono, transtornos de humor (ansiedade e depressão) e alterações cognitivas — fenômeno conhecido como brain fog. Esse conjunto de sintomas sugere uma desregulação nos eixos neuroimunoendócrinos e reforça a natureza multifatorial da síndrome. Embora a maior prevalência ocorra entre os 30 e 60 anos, a fibromialgia pode manifestar-se em qualquer faixa etária, inclusive em crianças e idosos. Estudos epidemiológicos indicam uma predominância feminina, mas a condição também acomete homens, frequentemente subdiagnosticados devido a vieses clínicos e culturais. O diagnóstico permanece clínico, baseado na identificação de padrões sintomáticos e na exclusão de outras patologias. Não há biomarcadores laboratoriais específicos, o que torna a anamnese detalhada e o exame físico direcionado instrumentos indispensáveis. A ausência de alterações objetivas em exames complementares, associada à variabilidade dos sintomas, ainda contribui para o atraso diagnóstico e a estigmatização dos pacientes. Para o Dr. Carlos Gropen, especialista em dor, o reconhecimento da dor relatada pelo paciente e a validação clínica do quadro são fundamentais: “A compreensão da fibromialgia exige uma escuta qualificada e criteriosa. Negar a legitimidade da dor relatada é perpetuar o sofrimento e comprometer a eficácia terapêutica.” O tratamento da fibromialgia deve ser multimodal, englobando intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Programas de exercícios físicos graduados, terapias cognitivo-comportamentais, abordagens de manejo do estresse e técnicas de neuromodulação são fundamentais. Medicamentos como antidepressivos tricíclicos, inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, e agentes neuromoduladores podem ser empregados conforme a necessidade individual. A fibromialgia é uma condição crônica. Embora a cura não seja o objetivo terapêutico, a intervenção precoce, individualizada e centrada na funcionalidade pode modificar o curso da doença, proporcionando significativa melhora dos sintomas e da qualidade de vida. A construção de um modelo assistencial baseado em ciência, empatia e personalização do tratamento é o caminho para restaurar não apenas a funcionalidade física, mas também a dignidade dos pacientes.

Dr. Carlos Gropen

Grupo de Dor, Departamento de Medicina Interna, Universidade de Brasília - UnB, Brasília, Brasil



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