“Hurry Up Tomorrow": um mergulho intenso no caos da fama — e no vazio que fica depois
- Rodrigo Carvalho
- há 34 minutos
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Fui ao cinema assistir à pré-estreia de Hurry Up Tomorrow, novo filme dirigido por Trey Edward Shults, e confesso que fui movida mais pela curiosidade do que por grandes expectativas. O trailer instigava, a premissa era interessante e o elenco trazia ninguém menos que Jenna Ortega, que ganhou ainda mais projeção após viver Wandinha na série da Netflix. Queria muito ver como ela se sairia em um suspense psicológico mais denso — e posso dizer que entrega o que promete.
O filme conta a história de um pop star em crise, lidando com sérios transtornos mentais, que acaba se envolvendo com uma fã. O papel do cantor famoso é vivido por ninguém menos que The Weeknd (Abel Tesfaye), que surpreende ao assumir um personagem tão complexo e perturbador. O enredo mergulha profundamente na mente dos protagonistas, tratando de maneira intensa (e, por vezes, desconfortável) temas como fama, solidão e obsessão. A tensão é constante, construída de forma precisa com o uso de iluminação, trilha sonora e efeitos sonoros. Aliás, um alerta: quem tem sensibilidade a luzes piscando deve reconsiderar a ida ao cinema, pois o filme abusa desse recurso.
A direção de Trey Edward Shults — conhecido por trabalhos como Waves (2019) e It Comes at Night (2017) — é marcada por um ritmo inquieto e uma estética visual ousada. Aqui, ele mantém essa assinatura, criando uma atmosfera carregada de ansiedade do início ao fim. Porém, ao contrário de Waves, onde a catarse é mais clara, Hurry Up Tomorrow deixa pontas soltas e um certo vazio ao final.
Jenna Ortega está excelente no papel. Sua atuação é madura, cheia de camadas, e ela sustenta bem as emoções complexas da personagem. O elenco de apoio também se destaca, com boa química e presença. No entanto, um jumpscare no meio da trama parece deslocado e quebra um pouco o ritmo — um elemento que poderia ter sido evitado.
Saí da sala com a sensação de que o filme tinha tudo para ser um dos melhores do ano... mas ficou no “quase”. A experiência é intensa, sim, e vale ser vivida. Só não vá esperando respostas. Às vezes, a proposta é justamente essa: deixar você desconfortável e confuso.
NOTA: 👍👍👍👎👎