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Na cidade mora um rio | de Lino Valente | Curadoria Bené Fonteles

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Entre o real e a lembrança existe um borrão — um território feito para ser prospectado e imaginado. É a partir desse lugar que se desenvolve a mostra “Na cidade mora um rio”, do artista visual e cineasta Lino Valente, com curadoria de Bené Fonteles, que abre ao público no dia 9 de dezembro, às 19h, na Galeria 3 do Museu Nacional da República, em Brasília. Com dez anos de trajetória, o artista apresenta obras em formatos e técnicas variadas que expandem a linguagem fotográfica e incorporam elementos do cinema para dialogar com questões próprias da história da arte.

 

Realizada com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), a mostra permanece em cartaz até 15 de fevereiro de 2026, com visitação de terça a sábado, das 9h às 18h30. A mostra conta com Interpretação em LIBRAS para as rodas de conversa, audiodescrição para todas as obras da exposição por QR Code, legendas em português nos vídeos exibidos e folder em braille. O Museu Nacional da República está localizado na Esplanada dos Ministérios, Brasília – DF. Instagram: @museunacionaldarepublica e @linovalente_.

 

Há três anos, o artista iniciou uma investigação pessoal sobre os rios que cortavam o Distrito Federal e que, aos poucos, desapareceram da paisagem. Para passar o tempo no trânsito com os filhos, criou um jogo: quem avistasse um rio ganhava um ponto. Poucos foram encontrados. Muitos cursos d’água foram aterrados ou canalizados para dar lugar a ruas, estradas, parques, prédios e até bairros inteiros.

 

Em sua primeira individual institucional, Lino Valente parte da questão ambiental para desenvolver uma série de fotografias criadas a partir de frames de filmes. Imagens indefinidas e de cores saturadas se desdobram em impressões sobre chapa de metal, videoprojeções, videoinstalações e backlights. A exposição, concebida como um conjunto coerente e interligado, também incorpora essa perspectiva. O artista costura afetos e memórias que não se fixam na materialidade das coisas, mas habitam o espaço fluido entre o visível e o invisível. Seu olhar transgressor desestabiliza percepções e conduz o público a outras formas de sentir, convidando-o a atravessar limites sutis entre presença e ausência.

 

O efêmero como matéria de criação

Essa pesquisa se desdobra na compreensão da paisagem como algo em constante transformação. Lino aborda a passagem do tempo e a natureza transitória dos espaços urbanos, ampliando a noção de paisagem ao revelar camadas de vozes, memórias e imaginários que compõem as cidades. Ao borrar territórios e fronteiras, explora zonas liminares entre real e lembrança, pertencimento e deslocamento.

 

Segundo Bené Fonteles, Lino registra os vestígios dos rios a partir da janela de um carro em movimento, percorrendo ruas e avenidas que poderiam pertencer a Brasília ou a qualquer cidade do mundo. Mais do que acompanhar o deslocamento dos veículos, o artista realiza uma verdadeira arqueologia sensível, trazendo à tona tanto as águas ocultas das cidades quanto memórias abafadas pelo ritmo urbano.

 

“Entre essas realidades e lembranças, algo acontece em nossa mente sensível e extrassensorial. Ela deseja quase que tocar a pele das imagens, para brincar de borrá-las à nossa vontade sensitiva.”

Bené Fonteles, curador

 

A mostra é permeada por textos do artista, em que ele se debruça sobre as questões que atravessam a produção presente na mostra. Efemeridade e impermanência, saudade, passagem, travessia. São ensaios poéticos que tratam do gesto, da aceitação, do seguir em frente.

 

A obra de Lino propõe uma travessia sensorial que estimula o espectador a tocar simbolicamente a pele das imagens e reinventá-las afetivamente. Assim, Lino transforma a imagem em poesia e estabelece uma cumplicidade profunda entre obra, percepção e sensibilidade humana.

 

Sobre o artista

Artista visual e cineasta autodidata, Lino Valente desenvolve uma poética que funde fotografia e vídeo como linguagens híbridas e expandidas. Sua pesquisa nasce do desejo de dissolver fronteiras: entre o real e o imaginário, entre a memória e a invenção. Habita o intervalo entre a escuta e a presença, elaborando micronarrativas visuais que pairam sobre o cotidiano — imagens que se deixam atravessar pelo tempo, cultivadas nos gestos quase invisíveis do dia a dia. O Cerrado, território afetivo que o abriga e atravessa, é o solo simbólico de onde brotam suas histórias sensoriais, enquanto a cidade surge como espelho de ausências e deslocamentos. Trabalha com camadas de percepção, buscando experiências na banalidade, no que está à margem, naquilo que quase não se vê — numa tentativa de habitar o instante. Seu trabalho transita entre o cinema, a fotografia e a instalação, propondo modos sensíveis de ver, habitar e reinventar territórios — e o tempo.


Participou de exposições no Museu Nacional da República e em galerias de sua cidade. Suas obras integram acervos e coleções brasileiras. Em 2025, foi indicado ao Prêmio PIPA, e seu filme Eternidade Agora, dirigido e roteirizado por ele, integrou a Bienal de Havana e foi convidado a compor o acervo do MAM de São Paulo. Vive em Brasília e trabalha entre São Paulo e Belo Horizonte.

 

Sobre o curador

Bené Fonteles nasceu em 1953 em Bragança-PA, vive e trabalha em Salvador (BA). É artista plástico, jornalista, editor, escritor, poeta e compositor. Iniciou sua carreira em 1971, participando do 3º Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará. Desde então, transita entre a arte e o artesanato, baseando seu trabalho na transformação de materiais simples e muitas vezes frágeis, naturais ou pouco trabalhados pelo homem, como pedras, pedaços de troncos, cordas, tecidos rústicos, arames, entre outros.

 

Por cinco vezes participou da Bienal de São Paulo, com destaque para a 32ª edição, com o projeto Ágora: OcaTaperaTerreiro, sob convite de Julia Rebouças, assim como do Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de SP e mostras experimentais no Museu de Arte Contemporânea da USP.

 

De suas exposições individuais, podem ser destacadas as mostras, “Sudários” no Espaço Cultural Contemporâneo – ECCO em Brasília, “Audiovisuais” e “Terra” realizadas na Pinacoteca do Estado de São Paulo, “Bené Fonteles” no Parque Lage no Rio de Janeiro e diversas outras. Também está presente em coleções privadas e em diversos acervos públicos e institucionais em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Belém, Cuiabá, Paris e Nova Iorque. Além do trabalho autoral como artista visual, já organizou e publicou diversos livros e catálogos sobre artistas como Rubem Valentim, Mario Cravo Neto, Athos Bulcão etc.

 

Faz curadorias e projetos de expografia em artes visuais. Foi diretor do Museu de Arte da UFMT e Museu de Arte de Brasília e recebeu do Ministério da Cultura e da Presidência da República a Ordem do Mérito Cultural.

 

Sobre o Museu Nacional da República

O Museu Nacional da República, localizado em Brasília, foi inaugurado em 2006 e é administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Sua missão é promover as artes visuais para todos os públicos, de forma dialógica, sendo um espaço dedicado à curiosidade, à sensibilização do olhar e à produção de conhecimento, por meio de ações de acervo, pesquisa, comunicação e educação.

 

Serviço:

Na cidade mora um rio

De | Lino Valente

Fotografia, videoinstalação, videoprojeção

Curador | Bené Fonteles

Abertura | 09/12/2025, às 19h

Onde | Galeria 3 – Museu Nacional da República

Endereço | Esplanada dos Ministérios – Brasília – DF

Visitação | até 15/02/2026

                    terça a domingo, das 9h às 18h30

Entrada | gratuita

Classificação indicativa | livre para todos os públicos

Instagram | @museunacionaldarepublica | @linovalente_

Expografia | Studio Tavares

Produção || Incentivem Soluções Culturais

Acessibilidade | Interpretação em LIBRAS para as rodas de conversa, Audiodescrição para todas as obras com acesso por QR Code, Legendas em português nos vídeos exibidos e Folder em

Projeto realizado com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF)

 


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