TERRAS RARAS: Museu de Arte de Brasília recebe exposição de artesãs pernambucanas
- Rodrigo Carvalho

- 20 de out.
- 5 min de leitura

O Museu de Arte de Brasília (MAB) recebe a partir do sábado, 25 de outubro, a exposição TERRAS RARAS: SAGRADO FEMININO, que traz um recorte do que a Região Nordeste tem de mais representativo: a força das mulheres e o artesanato. Cinco artistas pernambucanas, mestras no ofício de transformar o barro e a madeira em arte, apresentam suas criações que transmitem as tradições, conhecimentos ancestrais e as técnicas passadas de geração em geração. Estarão expostas um total de 200 obras, que estarão à venda com preços a partir de R$ 110,00. A exposição fica em cartaz até 15 de dezembro, com visitação de quarta a segunda-feira, das 10h às 19h, acessibilidades (Libras e Audiodescrição) e visitas guiadas.
TERRAS RARAS: SAGRADO FEMININO traz pela primeira vez a Brasília, as obras das artesãs pernambucanas Carina Lacerda (Petrolina) e Simone Souza (Buíque), que esculpem em madeira, Mestra Neguinha (Belo Jardim), Mestra Nicinha Otília (Alto do Moura/Caruaru) e Lenynha Tibúrcio (Tracunhaém), que moldam seus trabalhos no barro. Com produção dos pernambucanos Eric Valença, na direção geral, e Nena Carvalho, na curadoria, a exposição propõe um mergulho no universo dessas cinco mulheres que, além do ofício, têm em comum o fato de terem superado preconceitos e traçado um caminho próprio no Artesanato.
A exposição chega a Brasília graças ao Fundo de Incentivo à Cultura do Governo de Pernambuco - FUNCULTURA PE, apoio do Museu de Arte de Brasília – MAB e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Em 2026, a exposição será apresentada no Recife. “Quisemos contemplar todas as macrorregiões de Pernambuco e mostrar a produção que floresce nas terras antes dominadas por homens. As mulheres estão ressignificando o artesanato na região. E já são muitas, com um trabalho autoral, de muita identidade. Por questões logísticas, tivemos de escolher apenas cinco, mas não foi uma tarefa fácil. Digamos que trouxemos o sumo”, aponta a curadora.
ARTE SUSTENTÁVEL - Após anos trabalhando na curadoria do Centro de Artesanato de Pernambuco, entidade governamental que atua na divulgação e venda dos trabalhos de artesãos e artesãs pernambucanas, Nena Carvalho teve a oportunidade de conhecer toda a produção do estado e perceber, a partir da escuta, a urgência da sustentabilidade para a continuidade da artesania. “Existe muita dificuldade de conseguir a matéria-prima hoje em dia. Tanto a madeira como o barro têm seu tempo próprio, então é preciso estar em harmonia com a natureza para trabalhar com ela. TERRAS RARAS é um grito pela sustentabilidade e as mulheres têm um papel fundamental nesse movimento de repassar o conhecimento, que é transmitido naturalmente, pela oralidade, no dia a dia, em meio às tarefas da casa, no cuidado com os filhos. O SAGRADO FEMININO”, defende a curadora.
ACESSIBILIDADE – Uma revista em braille, com todas as informações da exposição, uma agenda de visitas guiadas com intérprete de Libras, recursos de audiodescrição e peças táteis integram as acessibilidades à disposição do público. Cada artesã produziu uma obra tátil para apreciação das pessoas cegas e com baixa visão, que também terão à disposição o suporte audiodescritivo. As peças foram produzidas por encomenda da curadoria, que propôs um exercício a cada uma. “Eu pedi para elas fecharem os olhos enquanto trabalhavam na peça e pensassem no que gostariam de dizer para as pessoas”, conta Nena Carvalho.
As visitas guiadas serão realizadas aos sábados, nos dias 01 e 22 de novembro, e 6 e 13 de dezembro, às 16h30. Nos dias 22 de novembro e 6 de dezembro, as visitas serão acompanhadas por intérprete de Libras. A entrada é gratuita.
VENDAS – O projeto TERRAS RARAS: SAGRADO FEMININO tem também o compromisso de promover a venda das obras em exposição. Em um processo construído com confiança e transparência, cada mestra artesã definiu o valor de suas obras em comum acordo com a curadoria. Após as vendas, receberão integralmente o valor que atribuíram às peças, reafirmando o respeito à autonomia e à valorização do fazer artesanal. A compra das obras em exposição poderá ser feita presencialmente, direto com a equipe TERRAS RARAS, no período da exposição, entre 25 de outubro e 15 de dezembro, ou via plataforma de vendas, que será lançada na abertura da exposição. No entanto, a retirada das peças vendidas só poderá ser realizada ao término da exposição, no período entre 16 e 20 de dezembro.
SOBRE AS ARTISTAS:
Carina Lacerda – Natural de Petrolina, suas criações expressam reverência e cuidado com a Natureza. Transforma em arte os pedaços de madeira que o homem e a natureza descartam. Em suas mãos, cada fragmento transforma-se em obras delicadas, carregadas de respeito pelo meio ambiente. Da tradição do Vale do São Francisco, a artesã se apropriou da carranca e acrescentou seios, criando a Carranca de Peitos, obra manifesto contra a misoginia e o machismo estrutural.
Lenynha Tibúrcio – Natural de Tracunhaém, berço do barro, é filha de mestres artesãos. Desde criança tem contato com a cerâmica, mas só aos 23 anos se dedicou à arte. Suas peças nascem de sonhos. Cada peça é um abraço silencioso, um gesto de carinho que carrega histórias, sentimentos e a força das mulheres de Tracunhaém, mantendo viva a tradição da cerâmica e inspirando novas gerações.
Mestra Neguinha – Nascida em Belo Jardim, no Agreste pernambucano, desde os 7 anos carregava pequenos pedaços de argila para a mãe e a avó, onde saberes e fazeres eram transmitidos de geração em geração. Neguinha preserva técnicas tradicionais do artesanato indígena, moldando cada peça à mão e decorando-as com delicados desenhos feitos com pena de galinha e cores naturais da argila Tauá. Suas peças mais conhecidas são tamanduás, santos e as famosas cabeças.
Mestra Nicinha Otília - Artesã e poetisa do Alto do Moura, em Caruaru, Mestra Nicinha Otília vê o barro como fonte de criação, expressão e vida, chamando-o de “ouro negro”. Desde Criança, moldava seus brinquedos, inspirada pelo Mestre Galdino. Palestrante, escritora, mãe e integrante do Coletivo Flor do Barro, suas obras são pontes entre memórias, resistência e sonhos.
Simone Souza - Artesã de Buíque, Simone é filha do povo indígena Kapinawá. Se expressa por meio de suas esculturas em madeira, onde cada traço revela histórias e sentimentos. Celebra o sagrado feminino e a generosidade da Mãe Terra, transformando a madeira esquecida em símbolos de força, beleza e conexão com a natureza. Em seu ateliê, no Vale do Catimbau, a artesã faz renascer a madeira descartada. Suas peças, muitas figurativas, retratam a mulher, a natureza e o sagrado.
FICHA TÉCNICA
Curadoria: Nena Carvalho
Artesãs: Carina Lacerda, Lenynha Tibúrcio, Mestra Neguinha, Mestra Nicinha Otília e Simone Souza
Direção Geral: Eric Valença
Produção Executiva: Eric Valença Ewerton Marinho Nena Carvalho EVVE Produções
Direção de Fotografia: Hermes Costa Neto
Assistente: Bruno Carvalho
Direção de Arte | Designer: João L. Carvalho
Assistente: Aline Andrade
Comunicação: Ana Souza e Ana Nogueira
Makeup (fotos): Priscilla Rodrigues
Cenografia: Matilha, Giba Cançado e Marley Oliveira
SERVIÇO – exposição TERRAS RARAS: SAGRADO FEMININO
Local: Museu de Arte de Brasília MAB (SHTN - Trecho 1- Projeto Orla Polo 03, lote 05 – Plano Piloto)
Data: ABERTURA – sábado, 25 de outubro, às 10h
Horário de visitação: quarta a segunda-feira, das 10h às 19h
Visitas guiadas: sábados 01 e 22 de novembro, 6 e 13 de dezembro, às 16h30
Acessibilidades: revista em braille, com todas as informações da exposição, exposição de peças táteis com recurso de audiodescrição, intérprete de Libras dias 22 de novembro e 6 de dezembro, às 16h30
ENTRADA GRATUITA










Comentários