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Saiba mais sobre Mario Reis: o cantor que antecipou a Bossa Nova vai ganhar um musical em Brasília


Antes de João Gilberto dedilhar o violão e transformar a música brasileira com sua voz contida e ritmo sutil, já existia Mario Reis. Elegante, introspectivo e à frente de seu tempo, ele quebrou as convenções da interpretação exagerada que dominava o rádio dos anos 1930 e inaugurou um novo modo de cantar: íntimo, delicado e preciso. Foi, como definiu o jornalista Ruy Castro, “o primeiro cantor moderno do Brasil”.

Agora, cinco décadas após sua morte, sua vida e obra ganham uma nova leitura no espetáculo “Mario, o Musical”, idealizado por Roger Mello e Larissa Lopes, que será apresentado no Teatro dos Bancários, em Brasília, nos dias 13 e 14 de dezembro. A montagem celebra a trajetória de um artista que levou o samba dos morros para os salões da elite carioca e ajudou a moldar a identidade da Música Popular Brasileira.

O precursor da modernidade na canção brasileira

Nascido no Rio de Janeiro em 1907, Mario Reis foi um símbolo de modernidade desde o início. Em uma época em que o samba ainda era marginalizado, ele se tornou o elo entre a música popular e a alta sociedade. De origem abastada, foi aluno de Sinhô, o “Rei do Samba”, que o escolheu para dar voz às suas composições. A parceria foi fundamental para legitimar o gênero e ampliar seu alcance.

Foi o primeiro cantor brasileiro a usar o microfone elétrico como instrumento expressivo, explorando a proximidade da voz, os silêncios e a respiração, algo inédito na época. Essa inovação técnica permitiu que ele abandonasse o canto projetado dos teatros e desenvolvesse uma maneira mais falada, íntima e natural de interpretar, influenciando diretamente o estilo que décadas depois definiria a Bossa Nova.

Entre os anos 1920 e 1940, Mario Reis gravou sucessos que marcaram época e dividiu o estrelato com Francisco Alves, com quem formou a célebre dupla Ases do Samba. Foi também parceiro de Carmen Miranda, participando de filmes musicais como “Alô, Alô, Brasil!” e “Estudantes”, ambos de 1935, que o transformaram em ícone do rádio e do cinema da chamada “era de ouro” da música brasileira. Apesar da fama, Mario viveu uma carreira marcada por idas e vindas. Por cinco vezes afastou-se dos palcos e do disco, sempre retornando com novo vigor criativo.

O musical: um mergulho poético em sua mente e sua memória

Em “Mario, o Musical”, Roger Mello propõe uma leitura sensível e imaginativa desse personagem multifacetado. O espetáculo recria o lendário show de 1971 no Golden Room do Copacabana Palace, quando Mario, já maduro, subiu ao palco diante de uma plateia repleta de nomes históricos, entre eles Juscelino Kubitschek e Chico Buarque.

Entre memórias, canções e delírios, o público é convidado a acompanhar o fluxo mental do artista em seus últimos dias. O roteiro mistura realidade e devaneio, resgatando os encontros com grandes ícones da música, as reflexões sobre o tempo e a solidão, e a elegância de quem viveu intensamente o som e o silêncio.

Elenco

A encenação combina releituras de clássicos, interpretações dramáticas e iluminação cênica marcantes. 

Quem assina a direção de arte é o prestigiado Cássio Brasil, vencedor do Prêmio Shell e Grande Otelo (pela Academia Brasileira de Cinema), finalista do prêmio Bibi Ferreira, além de trabalhos com artistas famosos como Jô Soares, Walter Salles, Thiago Lacerda e Denise Fraga. 


A direção musical e o piano, estão sob a responsabilidade do carioca TIbor Fittel (pianista e acordeonista, vencedor do Prêmio Candango 2024 de melhor trilha sonora para cinema). Compõem o elenco Ariadna Moreira, soprano brasiliense; Renata Menezes, primeira clarineta da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro; e Enrique Sanchez (Trompetista da Orquestra Sinfônica de Brasília);  Larissa Lopes e Rebecca Oliveira. 

Homenagem de um artista a outro

Idealizado, escrito e interpretado por Roger Mello, o musical também marca a celebração de seus 60 anos de vida e carreira artística. Escritor, ilustrador e dramaturgo premiado, Mello é o único latino-americano a vencer o Prêmio Internacional Hans Christian Andersen na categoria ilustração, considerado o Nobel da literatura infantil, além de dez vezes vencedor do Prêmio Jabuti.

Com sua sensibilidade estética e narrativa, Roger recria Mario Reis não como uma figura do passado, mas como um símbolo de arte atemporal, um homem que cantou o futuro antes de todos o ouvirem.

Serviço Mario, o Musical

 

Quando: 13 e 14 de dezembro de 2025  

Onde: Teatro dos Bancários (314/315 Sul) 

Os ingressos estão à venda pelo Sympla e custam R$ 40 (meia-entrada) e R$ 80 (inteira); 

Para mais informações: @marioreismusical

Classificação indicativa: 10 anos 


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